Antonio Nunes de Souza*
O forçado isolamento dentro de casa em função da virose, já é uma merda, imagine vocês estar completamente sozinho e isolado em um prédio, que tem um apartamento por andar e, incrivelmente, todos estão vagos para alugar, ficando você o único morador!
Pois é o que está acontecendo comigo. Sou divorciado há 6 anos, tenho dois filhos, sendo que um mora com a mãe e o outro mora em Nova Yorque há 16 anos. E, assim sendo, moro sozinho (com Deus, como dizem os mais religiosos), sendo assistido por uma empregada que vem as segundas, quartas e sextas, das 8 às 12, prepara minhas refeições, faz a limpeza e arrumação da casa. Minhas refeições são congeladas, faço apenas colocar no micro-ondas na hora de devorá-las!
A noite, geralmente faço um lanche e pela manhã tomo meu nescau, com biscoitos ou um gostoso bolo de sabor variado, confeccionado pela minha assistente doméstica.
Domino, gasto e controlo meu tempo sentado em meu computador, lendo, estudando, me informando e escrevendo algumas crônicas do cotidiano. Dedico muito tempo enviando meus textos para amigos, jornais, revistas e blogs, como também respondendo uma série de mensagens que, diariamente, me dirigem!
Não fosse meu computador eu estaria, literalmente, fodido e desesperado, pois, ficar sozinho e sem as possibilidades de circular livremente pela cidade é, sem dúvida, relativo a uma prisão domiciliar, apenas sem as malditas tornozeleiras!
Em alguns momentos, principalmente a noite quando me deito, fico imaginando estar completamente sozinho no edifício e se por acaso eu tiver um problema de saúde, ou outra coisa qualquer, não tenho nem um vizinho para me dar socorro, ou apoio!
Mas, rapidamente me volto para a TV e esqueço esse puto problema e me lembro que Deus, na sua bondade, deve estar ao meu lado!
Gozado é que os apartamentos são ótimos, super centrais, mas, com a endemia muitos se mudaram, um do terceiro andar faleceu e a família foi para Salvador, outro do segundo andar casou-se e foi morar na casa do sogro. E eu, lamentavelmente, fiquei no primeiro andar na minha solidão. Devo ser claro e dizer que moro sozinho por opção, adoro não ter alguém me sacaneando e tirando minhas inspirações literárias, como também gosto de fazer tudo nas horas que desejo. Já não me curvo as regras. Já fiz muito isso e agora, nos meus restinhos de anos, quero me sentir solto como um pássaro!
Com toda essa explanação e confissão feita, peço a Deus que já venham novos inquilinos ou proprietários, para povoar meu “ninho”. E que venham pessoas maravilhosas, bonitas, educadas e inteligentes!
*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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