Antonio
Nunes de Souza*
-Quem
é que não gosta de dinheiro?
Já
ouvi milhares de vezes essa debochada pergunta, dita para valorizar e dar
dimensão, ao vil metal que, seguramente, é muito difícil de se conseguir, pois,
com ele em seu poder, conseguirá abrir praticamente todas as portas, ou quase
todas!
Porém,
tem um detalhe que passa despercebido pela maioria: “Nem todo mundo dá essa
valorização ao dito cujo”, e não são idiotas, ignorantes, etc. Tem os que
nasceram abastados, ou em berços de ouro, como se diz no popular. Que como já
possuem, não imaginam o tremendo trabalho que os pobres mortais dão para
adquirir. Esses denominados de “riquinhos”, na maioria das vezes terminam
herdando e jogando tudo fora, e quando percebem estão falidos. Esses casos são
comuns!
Conheci
em minha longa vida, pessoas com essa índole inacreditável de desprezo
monetário, oriundas de famílias pobres ou remediadas, intrigando-me bastante,
já que conheço bem desde a infância, que sem o dinheiro e a saúde, você não é
nada, além de passar perrengues e necessidades básicas!
Apenas
como ilustração, vou citar dois casos, entre as dezenas que conheci na área dos
desajustados financeiros. Um deles, filho de funcionário público, com vida
modesta, família grande, muitos irmãos, etc., desde criança revelou-se
inteligentíssimo, prendado em tudo, excelente estudante, além de uma série de outras
habilidades. Era como dizia-se: Uma pessoa especial. E ele sempre me dizia:
Antonio, eu detesto dinheiro, pois, ele me impede de ter as coisas. Eu desejo ter
uma camisa, mas, tenho que desejar primeiro ter o dinheiro, para poder ter a
camisa. Então... para mim, o cruel dinheiro, somente me impede de ter as
coisas. Mediante ouvir essa terrível blasfêmia, dita pelo meu intelectual
amigo, eu calado pensava: Para mim o dinheiro é um grande facilitador, o difícil
é conseguir ganha-lo. Mas, respeitosamente, concordava com sua opinião.
Felizmente, pelas suas grandes habilidades, mesmo detestando até hoje tudo que
é ligado a finanças, milagrosamente virou um “Rei Midas”, que até o seu sorriso
transforma-se em ouro. Tenho absoluta certeza, que morrerá riquíssimo e,
veementemente, odiando dinheiro!
O
Segundo exemplo, infelizmente, mesmo tendo características similares
(inteligência, cultura, descendência pobre e várias habilidades), procede
exageradamente com fantasias delirantes e nababescas, todos seus planos e
projetos ele multiplica as necessidades, custos e investimentos. Imagina o
inimaginável, não se sente satisfeito em nenhuma das suas atividades
profissionais experimentadas, vive flutuando nas nuvens, e o pior de tudo é que
gasta o que tem e o que não tem. Sendo os maiores gastos com o que não tem. Até
um curso, que poderia ser feito no Brasil, ele, assim que pegou em dinheiro,
foi imediatamente para o exterior, sem a mínima estrutura para tanto, somente
para alimentar sua ilusória vaidade. E hoje vive em palpos de aranha, mas,
mesmo assim, ainda não caiu na real, como todos que lhe admiram espera!
Sinceramente,
esse segundo amigo não precisa de análises, psicólogos, macumbas, conselhos, etc.,
pois, com meio século de vida e qualificado como é, deveria passar um filme de
sua vida, ver a carga de merdas que já fez, e os prejuízos decorrentes, e
imediatamente, tomar posições enérgicas, para compensar o tempo perdido em
elucubrações e sonhos mirabolantes de megalomanias. Isso espelha um
comportamento de acomodação, de quem achou tudo nas mãos, graças aos grandes
sacrifícios materno. Mas, tempo que passou, já ultrapassou os limites, e suficiente
para ele perceber, que até agora caminhou pelas trilhas erradas. Pode não se
transformar num Midas, mas, com certeza, terá uma vida muito boa, sendo senhor
de suas responsabilidades, sem precisar, feiosamente, incomodar eventualmente
os amigos. No popular eu diria: Toma vergonha cara, você já está crescido para
essas criancices. Ou está a espera de seus amigos dizer não, e cair no
desespero?
Essa
é uma síntese, sobre os que não amam o dinheiro, e dos que recebem e jogam
fora. Em ambos os casos, expostos os tristes resultados são lamentáveis!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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