segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

VOCÊ GOSTA DE DINHEIRO?

 


Antonio Nunes de Souza*

-Quem é que não gosta de dinheiro?

Já ouvi milhares de vezes essa debochada pergunta, dita para valorizar e dar dimensão, ao vil metal que, seguramente, é muito difícil de se conseguir, pois, com ele em seu poder, conseguirá abrir praticamente todas as portas, ou quase todas!

Porém, tem um detalhe que passa despercebido pela maioria: “Nem todo mundo dá essa valorização ao dito cujo”, e não são idiotas, ignorantes, etc. Tem os que nasceram abastados, ou em berços de ouro, como se diz no popular. Que como já possuem, não imaginam o tremendo trabalho que os pobres mortais dão para adquirir. Esses denominados de “riquinhos”, na maioria das vezes terminam herdando e jogando tudo fora, e quando percebem estão falidos. Esses casos são comuns!

Conheci em minha longa vida, pessoas com essa índole inacreditável de desprezo monetário, oriundas de famílias pobres ou remediadas, intrigando-me bastante, já que conheço bem desde a infância, que sem o dinheiro e a saúde, você não é nada, além de passar perrengues e necessidades básicas!

Apenas como ilustração, vou citar dois casos, entre as dezenas que conheci na área dos desajustados financeiros. Um deles, filho de funcionário público, com vida modesta, família grande, muitos irmãos, etc., desde criança revelou-se inteligentíssimo, prendado em tudo, excelente estudante, além de uma série de outras habilidades. Era como dizia-se: Uma pessoa especial. E ele sempre me dizia: Antonio, eu detesto dinheiro, pois, ele me impede de ter as coisas. Eu desejo ter uma camisa, mas, tenho que desejar primeiro ter o dinheiro, para poder ter a camisa. Então... para mim, o cruel dinheiro, somente me impede de ter as coisas. Mediante ouvir essa terrível blasfêmia, dita pelo meu intelectual amigo, eu calado pensava: Para mim o dinheiro é um grande facilitador, o difícil é conseguir ganha-lo. Mas, respeitosamente, concordava com sua opinião. Felizmente, pelas suas grandes habilidades, mesmo detestando até hoje tudo que é ligado a finanças, milagrosamente virou um “Rei Midas”, que até o seu sorriso transforma-se em ouro. Tenho absoluta certeza, que morrerá riquíssimo e, veementemente, odiando dinheiro!

O Segundo exemplo, infelizmente, mesmo tendo características similares (inteligência, cultura, descendência pobre e várias habilidades), procede exageradamente com fantasias delirantes e nababescas, todos seus planos e projetos ele multiplica as necessidades, custos e investimentos. Imagina o inimaginável, não se sente satisfeito em nenhuma das suas atividades profissionais experimentadas, vive flutuando nas nuvens, e o pior de tudo é que gasta o que tem e o que não tem. Sendo os maiores gastos com o que não tem. Até um curso, que poderia ser feito no Brasil, ele, assim que pegou em dinheiro, foi imediatamente para o exterior, sem a mínima estrutura para tanto, somente para alimentar sua ilusória vaidade. E hoje vive em palpos de aranha, mas, mesmo assim, ainda não caiu na real, como todos que lhe admiram espera!

Sinceramente, esse segundo amigo não precisa de análises, psicólogos, macumbas, conselhos, etc., pois, com meio século de vida e qualificado como é, deveria passar um filme de sua vida, ver a carga de merdas que já fez, e os prejuízos decorrentes, e imediatamente, tomar posições enérgicas, para compensar o tempo perdido em elucubrações e sonhos mirabolantes de megalomanias. Isso espelha um comportamento de acomodação, de quem achou tudo nas mãos, graças aos grandes sacrifícios materno. Mas, tempo que passou, já ultrapassou os limites, e suficiente para ele perceber, que até agora caminhou pelas trilhas erradas. Pode não se transformar num Midas, mas, com certeza, terá uma vida muito boa, sendo senhor de suas responsabilidades, sem precisar, feiosamente, incomodar eventualmente os amigos. No popular eu diria: Toma vergonha cara, você já está crescido para essas criancices. Ou está a espera de seus amigos dizer não, e cair no desespero?

Essa é uma síntese, sobre os que não amam o dinheiro, e dos que recebem e jogam fora. Em ambos os casos, expostos os tristes resultados são lamentáveis!

*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!

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