Antonio Nunes de Souza*
Tem coisas que o destino coloca em nossa frente,
que para muitos não tem valor, mas, como dizem: “não tem preço”!
E foi o que aconteceu com Rommel, jovem de classe
média, formou-se em direito com muito sacrifício, e no seu começo de carreira
profissional, apareceu no escritório um cliente, solicitando que ele
providenciasse uma ordem de despejo de uma inquilina. Era uma questão pequena,
mas, para quem estava começando qualquer coisa pra defender uma grana ele
pegava!
Assinada a procuração, tomados os dados, acertos
de remuneração, etc., logo a tarde ele foi até o imóvel conversar com a
moradora, que era uma viúva, para ver se a convenceria sair, sem a necessidade
de ação em juízo. Lá chegando, foi bem recebido, sentou-se e começou a
conversar com Dona Rita! Ela revelou sua péssima situação financeira, com a
morte acidental do marido Adalmir, ficou apenas com uma pensão de um salário
mínimo e, em vista disso, estava atrasada em seis meses de aluguel, sem nem
saber o que fazer, já que morava com a filha já mocinha, mas, ainda estudando
com apenas 17 anos, e não tinha nem condições de arranjar um emprego. Ao
relatar esses fatos ela chorava muito, sensibilizando bastante a Rommel. Nesse
momento chega a filha de Rita que, ao ver a mãe aos prantos, corre para ela,
achando que Rommel havia a tratado mal, e que era um desconhecido qualquer.
Partiu para ele com o dedo em riste, e foi logo descarregando uma série de
impropérios e desaforos!
A mãe entrou no meio falando que não era nada
disso, e que tratava-se de um advogado muito educado, que ali estava à procura
de uma solução amigável, sobre o aluguel atrasado! Acalmados os ânimos, a filha Olga desculpou-se
e sentou-se para participar da conversa. Então, mediante a complicação
financeira e a situação das duas, Rommel resolveu conversar com calma com o
proprietário, no sentido de pôr uma questão de caridade e solidariedade, dar
mais um prazo as duas mulheres e, com uma boa conversa, conseguiu uma
prorrogação de mais três meses, além de algumas vantagens!
Dia seguinte Rommel voltou a casa, e lá chegando
Dona Rita não estava, porém, a filha Olga estava de short fazendo a faxina da
casa. Atendeu ele, mandou entrar e sentaram-se frente a frente, ela logo
preocupada perguntou: O senhor conseguiu alguma coisa? Vamos ter que sair
imediatamente? Meu Deus, e onde vamos morar?
-Calma Olga! Vamos esperar sua mãe chegar, que
conversarei o que acertei com Sr. Tadeu, o proprietário!
-Oh! Rommel, posso lhe tratar de Rommel doutor?
-Claro, esteja à vontade, somos jovens e isso é
natural!
-Então Rommel me diga logo o acertou, pois estou
morrendo de preocupação e curiosidade!
-Está bem! Consegui com Tadeu mais três meses de
tolerância, e se entregue nesse prazo ele dispensará todo aluguel atrasado!
Ao ouvir isso, Olga não se conteve e abraçou
Rommel, dando-lhe vários beijos no rosto, como agradecimento, pelo seu bendito
trabalho. Rommel ficou meio assustado com a reação, mas, entendeu que
significava muito para elas, as condições conseguidas por ele. Aí, Dona Rita
chegou, foi repetida a conversa, muitos sorrisos de alegria e, inesperadamente,
como já era meio dia, Olga convidou Rommel para ficar para o almoço, que ela
tinha preparado uma deliciosa lasanha. Ele aceitou, comeram, tomaram um vinho
que ele foi buscar no bar da esquina, trocaram confidências e, quando ele se
despediu, já deixou marcado para voltar na noite seguinte, para uma visita
amistosa e social!
O Resultado é que durante os meses do prazo dado,
Rommel começou a namorar com Olga, e como acontece normalmente hoje em dia, com
dois meses, ele alugou uma apartamento de três quartos, e no prazo acertado,
entregou a casa e todos foram morar juntos, logicamente, ele já maritalmente
com a linda jovem Olga, deixando Dona Rita feliz da vida de ter resolvido seu
grande problema, além de “casar” sua filha, com um jovem e promissor advogado!
Tendo-se paciência é fé, depois da tempestade,
acontece surgir a bonança. Mas, nunca deixe o desespero atrapalhar!
*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!
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