domingo, 12 de fevereiro de 2023

CARNAVAL É UMA LOUCURA QUE DEIXA SAUDADES!

 

Antonio Nunes de Souza*

Quem me conhece de perto, sabe perfeitamente que eu já brinquei dezenas de carnavais, principalmente em Salvador, sendo pelo menos uns 35 anos seguidos na Praça Castro Alves, em cima, atrás e ao lado dos trios elétricos, nos Blocos com Abadás, Afoxés, som das barracas, ou seja, tudo que você possa imaginar. Era considerado um grande folião, que além de cantar as músicas, ainda dançava todas as danças inventadas cada ano: da Galinha, Manivela Tititi, Than, Axé, Rebolation, Satanás, fora as variações que iam inventando durante os dias momescos. Eu era o que podia-se dizer com a boca cheia: “Um cara foda!”

Depois que o corpo foi pedindo uma regulagem, inteligentemente, passei a brincar nos mais maravilhosos camarotes (2222 de Gilberto Gil e o de Daniela Mercury), onde você desfruta das maiores mordomias dignas de Dubai, tudo 0800, não só pela minha velha amizade com os anfitriões, como também sempre estava acompanhado do meu querido mano Caetano Veloso (vale dizer que ele foi meu parceiro, literalmente, também na Praça, embaixo da estátua), e ele é um passaporte para qualquer lugar na Bahia. Nos camarotes você pode brincar, dançar, beber e comer as melhores iguarias, e ver os trios frente a frente (eles sempre param para homenagear), fora a abundância de lindas mulheres, astros e estrelas globais, e muitas “free lancer” (periguetes de 1ª). Você só não se arruma, se for um bobão eleitor de Bozo. Se você imagina que o céu é um lugar maravilhoso, não duvide ele perder para esses camarotes. Lá, sem você precisar ir para as nuvens, toda hora se bate com uma estrela. Uma coisa surreal!  

Depois dessa “farraria” toda, de oito anos pra cá, voltei de Salvador, e já sentindo o peso dos anos, não mais fui a capital desfrutar, mesmo como simplesmente apreciador a distância. Recolhi-me a minha insignificância, esquecendo um pouco as folias, já que minha cidade não tem carnaval há alguns anos. Com isso, passei a ser um grande folião televisivo, desfrutando a distância a maravilhosa festa profana!

Aconteceu que nessa sexta-feira e sábado, fui agraciado com uma festa carnavalesca, referente a “Lavagem do Beco do Fuxico”, pequena rua frequentada por boêmios, onde tem um bar considerado o refúgio dos intelectuais, que se deliciam com as famosas batidas de frutas, elaboradas pelo famoso Caboclo Alencar!

Como meu apartamento fica bem em frente ao tal beco, logicamente toda essa festança ocorreu em minha rua, ou seja defronte da minha sacada, fazendo lembrar-me dos tempos de camarotes. E nisso mermão, fiquei olhando de perto toda movimentação, pessoas de todas idades, danças bonitas, sensuais e muitas desengonçadas, alguns bêbados, a maioria com uma latinha de cerveja na mão, muitas mulheres com roupas provocantes, machões sem camisas, vendedores com seus isopor, policiais desfilando no meio da multidão, blocos, trios, bandas, charangas e as porras todas, alusivas a esses festejos. E, sabe o que veio a minha cabeça oitentona?  

Puta merda! Quanta loucura desse povo, nessa multidão bebendo, fazendo papagaiadas, vestidos ridiculamente, se contaminando com a aglomeração, tendo seus celulares roubados, muitos homens e mulheres prevaricando, não entendo e não me conformo, de ter feito essas merdas todas. Sinceramente, me envergonhei todo e resolvi escrever essa crônica, contando meus doces pecados. Pois, na época, não posso negar que foi uma maravilha e deixou uma grande saudade!

*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo verdadades
Boa noite amigo!