Antonio Nunes de Souza*
Amiga Regina,
Causou-me bastante estranheza o seu e-mail, dizendo que eu não fosse
passar o carnaval em Salvador e, caso resolva ir, não me hospedará e nem tão
pouco me fará companhia. Mediante nossa grande amizade de infância, jamais
esperei receber de você semelhantes palavras sem nenhuma razão, pois, com
certeza eu mereço uma explicação para tal ato!
No aguardo dos motivos, sua fiel amiga,
Valéria
Logo que recebi esse e-mail de Valéria, imediatamente, peguei meu
Notebook e comecei a responder:
Prezada amiga Valéria,
Eu não gostaria de dar as explicações que você pede, principalmente os
motivos. Mas, como você tem pouca
memória e como está pedindo, acho justo como amiga, atender seu desejo e
curiosidade: No último carnaval que veio, já no primeiro dia, fomos ao Porto da
Barra se bronzear um pouco e, com menos de uma hora, você arranjou um cara,
sumiu por algum tempo, e quando eu fui procura-la, você estava transando atrás
das pedras, com a maior tranquilidade. Fiz você voltar, o cara se mandou e você
ainda ficou meia zangada comigo!
A noite fomos ver a saída do Bloco de Margareth Menezes, não andamos
um quilometro, você já estava pendurada no pescoço de um negão que parecia um
guarda roupa, ele com a mão por dentro de sua calça e você revirando os olhos como
se fosse desmaiar. Tentei lhe separar, mas você deu uma bronca, me empurrou e
partiu para o meio da multidão. Depois disso, sumiu completamente e só apareceu
lá em casa na manhã seguinte, cheia de chupões roxos no pescoço, peito e
cintura. Ainda cinicamente, veio me dizer que tinha tomado uma queda. Isso me
deixou puta da vida, mas, como somos amigas, segurei a barra!
No dia seguinte saímos para ir ver a saída dos Filhos de Gandhi, nós
na maior alegria, seguimos o cortejo, e como não podia deixar de acontecer,
você sumiu, eu procurando preocupada, quando depois de uma hora encontro você
com a boca inchada e toda borrada de batom, e mais de 200 colares de contas no
pescoço, pois os caras do bloco dão um colar em troca de um beijo na boca.
Cheguei a tomar um grande susto e lhe peguei pelo braço, segurando-a para não
sumir novamente!
No dia seguinte fomos a praia de Itapuã passar o dia, e não deu outra.
Novamente você descolou um cara na barraca que nós estávamos e, repentinamente,
sumiu mais uma vez, deixando-me louca. Pois, deu 18 horas e você nada de
aparecer. Sem outra alternativa, tomei um táxi e voltei para o apartamento.
Quando entrei totalmente apavorada, ouço um chiado vindo do quarto da minha
mãe, estranhei, pois ela tinha viajado. Fui às pressas e me deparo com você e o
cara da barraca, completamente nus, transando no quarto e na cama da minha mãe.
Porra amiga, não me contive, pintei a merda e mandei o cara se mandar. E você
ainda fez cara feia!
Lógico que essas coisas nos deixou um pouco estremadas. Mas, pela
amizade, eu fui segurando todas e, dia seguinte, você me prometeu que ia
maneirar, e isso me deixou tranquila. Aí fomos ver o Trio Armandinho, Dodô e
Osmar sair do Farol, e resolvemos fazer o circuito até Ondina numa boa. Logo na
saída você pediu um Capeta duplo com bem Vodca, e aos pulos foi bebendo e eu
acompanhando de lado. Mas, como um passe de mágica, quando olhei você tinha
sumido completamente, uma multidão louca e era impossível lhe encontrar. No
final do circuito eu fui até o trio para pedir que anunciasse no som a sua
procura e, quando abro a porta da cabine do caminhão, encontro você fazendo um
boquete no motorista, além de estar bêbada, estava nua da cintura para baixo.
Lhe peguei pela cintura, vesti sua bermuda, nem achei a calcinha, pegamos um
táxi e lhe trouxe para o apartamento!
Já completamente revoltada, resolvi não sair no último dia, e ficar em
casa para não me aborrecer. Como seu voo para Belo Horizonte era as 8 da manhã,
seria bom dormir cedo. E foi o que fizemos, cada um indo para o seu quarto.
Mas, quando eu acordei às 6 horas, fui ao quarto lhe chamar, tomei um susto,
pois você não estava. Fui ao banheiro, corri todo apartamento e nada. Fiquei
preocupada e fui na portaria saber se você tinha saído. E para minha grande
surpresa, você estava transando com o porteiro do prédio, dentro do elevador de
serviço!
Acho minha amiga que esses motivos são mais que justos, para que eu
não queira você como hóspede, pois, você não vem brincar, você vem é transar. E
isso você pode fazer muito bem aí em BH. Espero que me entenda, e se vier, me
avise que posso reservar para você, um quarto num bom puteiro da Ladeira da
Montanha!
Receba um abraço lamentável da sua amiga ou até ex, Regina
*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!
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