Antonio Nunes de Souza*
Quem
foi que disse que carnaval tem data? Um grande e ledo engano, pois, na nossa
Bahia de todos os Santos e de todos os Orixás, nosso carnaval é permanente. Não
vou dizer diário porque seria exagerar um pouco, mas, dia sim e outro também,
pode até ser. Somos festeiros por natureza, herança bendita dos nossos irmãos
africanos, que com suas alegrias eternas até nas horas das tristezas, cantam,
danças, dão graças a Deus pelo dom da vida, e nas suas mortes, festejam as idas
dos seus entes queridos partindo para o espaço celestial!
Uma
filosofia invejável, que infelizmente é encarada por outros povos de regiões
outras do nosso país, como sejamos preguiçosos, nada levamos a sério, e não
confiáveis em nossas obrigações. Isso mais uma vez é um ledo e estúpido engano,
por falta de conhecimentos e, quem sabe? Talvez até um pouco de inveja. Pois somos
guerreiros, trabalhadores, cumpridores de nossas obrigações, mas, acima de
tudo, um povo feliz, alegre, amável, receptivo, solidário e inteligente. E,
sendo tudo isso, por que não festejar essas nossas benditas qualidades?
Fecho
os olhos e vejo em minha mente baiana, os grandes trios, os lindos blocos, as
maravilhosas e verdadeiras entidades: Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhi,
Araketu, Timbalada, Chicletes e outros tão belos e encantadores, fazendo o povo
sorrir, remexer as cadeiras, fazer caras e bocas e, sem dificuldade nenhuma,
mostrar o chame e a beleza do homem e da mulher baiana!
Na
Bahia carnaval nunca acaba! Apenas faz um pequeno intervalo, para que possamos
comentar os acontecimentos, oportunidades e as realizações durante o evento
oficial. Mas, logo em seguida, sem ser parcimoniosos, começamos nossos
micaretas, já entremeados dos grandes forrós do S. João, que já desponta daqui
a pouco com suas quadrilhas!
Nós
baianos que quebramos qualquer aresta, apenas fazendo uma boa festa. Viva a
Bahia de Todos os Santos e de todos os pecados!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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