Antonio Nunes de Souza*
Não sou de
fazer planos nem projetos em minha trajetória de vida, mas, desta feita, não
sei por que cargas d’água passei a arquitetar, detalhadamente, o que iria fazer
no meu S. João no interior!
Convidado
que fui para ir para as bandas do sul do estado, depois de certa relutância
senti que seria uma boa pedida e, ainda mais que o convite veio de uma mulher bastante
interessante, bem informada, inteligente e bonita. Então... recusar tal
chamamento seria estar dando o atestado de débil mental, ou pior ainda, de
velho caquético já não mais dado aos bons prazeres da vida!
Como
virginiano de boa estirpe, coloquei na mente como procederia e, consequentemente,
como as coisas deveriam acontecer para me encher de alegrias e prazeres juninos!
Reservarei
um bom hotel não muito no centro da cidade, para que seja discreto e a entrada
da minha namorada seja sem problemas, procurando zelar pela sua imagem na localidade.
Essa parte de reserva hoteleira é importante e vital, pois, depois de um forró
com muita esfregação, se não terminarmos o serviço na cama é mesmo que ter a
alegria de comprar um sorvete, ir desembalando com água na boca e ele cair no
chão. Tenho o maior cuidado com esse fim de noite ou raiar do dia, que reputo
como a mais gostosa do nosso teatro da vida. Todos os dias festivos o último
ato tem que terminar com o ato! E, para
representar a encenação dessa peça, venho treinando por dezenas de anos. Se for
no escuro eu faço em Braille, se for no silêncio em faço em libra! Mas, nunca
deixo a platéia na mão!
Chegando a
cidade, depois de me instalar no dito hotel, telefono logo para minha querida
companhia e, sem delongas, marcamos logo para nos encontrar e traçar como serão
nossas aventuras juninas e amorosas. Obviamente, imagino que ela esteja eufórica
e também desejosa como eu, para desfrutar dos dias e noites festivas, ocasião
que soltaremos nossos fogos, ela entrando com a rodinha e eu com o pistolão e,
na fogueira dos calores dos nossos corpos, vamos fazer aparecer muitos balões
multicores nas nuvens!
Depois de
combinarmos nosso primeiro encontro, já que ainda não nos conhecemos
pessoalmente, tomarei um bom banho e sairei cheio de expectativas para vê-la,
supondo que ela também, já que nossos contatos foram apenas virtuais, muito
embora bastante claros e elucidativos, deixando transparecer que temos muitas
coisas
Quando cheguei
no edifício que Bela disse morar, logo no portão estava uma mulher
correspondendo fielmente ao nome, alta, esguia e um corpo que ela não havia me
mostrado em suas fotos, sempre enviadas da cintura para cima, talvez para me
surpreender pessoalmente. E, se pensou assim, acertou em cheio. Saltei do caro
e me aproximei meio cabreiro, com a expectativa dela gostar de mim ao vivo. Nos
cumprimentamos com um abraço, beijos na face e elogios de como você é linda,
como você é bonito, muito mais que nas fotos, etc., continuando com umas
conversinhas meio cabreiras e tolas, ambos desejando se familiarizar.
Convidei-a para dar um giro na cidade para eu conhecer, fomos ficando mais
íntimos e, quando eu a trouxe, já me despedi com um gostoso beijo na boca,
daqueles “técnicos” que dão nas novelas da Globo!
Estaremos
indo amanhã pela manhã para Ibicuí, tendo o maior cuidado com a estrada,
bastante concentrado, supondo que passarei um S. João que jamais esquecerei!
Juro que na
minha volta, contarei detalhadamente, se os meus planos deram certo, e as
coisas realmente ocorreram como deveriam, enchendo ambas as partes de prazeres
e satisfações!
Viva S. João
e seja o que Deus quiser!
*Escritor –
Historiador e poeta!
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