sexta-feira, 24 de junho de 2022

MEU SÃO JOÃO NO INTERIOR!

 

                                                                                                     Antonio Nunes de Souza*

Não sou de fazer planos nem projetos em minha trajetória de vida, mas, desta feita, não sei por que cargas d’água passei a arquitetar, detalhadamente, o que iria fazer no meu S. João no interior!

Convidado que fui para ir para as bandas do sul do estado, depois de certa relutância senti que seria uma boa pedida e, ainda mais que o convite veio de uma mulher bastante interessante, bem informada, inteligente e bonita. Então... recusar tal chamamento seria estar dando o atestado de débil mental, ou pior ainda, de velho caquético já não mais dado aos bons prazeres da vida!

Como virginiano de boa estirpe, coloquei na mente como procederia e, consequentemente, como as coisas deveriam acontecer para me encher de alegrias e prazeres juninos!

Reservarei um bom hotel não muito no centro da cidade, para que seja discreto e a entrada da minha namorada seja sem problemas, procurando zelar pela sua imagem na localidade. Essa parte de reserva hoteleira é importante e vital, pois, depois de um forró com muita esfregação, se não terminarmos o serviço na cama é mesmo que ter a alegria de comprar um sorvete, ir desembalando com água na boca e ele cair no chão. Tenho o maior cuidado com esse fim de noite ou raiar do dia, que reputo como a mais gostosa do nosso teatro da vida. Todos os dias festivos o último ato tem que terminar com o ato!   E, para representar a encenação dessa peça, venho treinando por dezenas de anos. Se for no escuro eu faço em Braille, se for no silêncio em faço em libra! Mas, nunca deixo a platéia na mão!

Chegando a cidade, depois de me instalar no dito hotel, telefono logo para minha querida companhia e, sem delongas, marcamos logo para nos encontrar e traçar como serão nossas aventuras juninas e amorosas. Obviamente, imagino que ela esteja eufórica e também desejosa como eu, para desfrutar dos dias e noites festivas, ocasião que soltaremos nossos fogos, ela entrando com a rodinha e eu com o pistolão e, na fogueira dos calores dos nossos corpos, vamos fazer aparecer muitos balões multicores nas nuvens!

Depois de combinarmos nosso primeiro encontro, já que ainda não nos conhecemos pessoalmente, tomarei um bom banho e sairei cheio de expectativas para vê-la, supondo que ela também, já que nossos contatos foram apenas virtuais, muito embora bastante claros e elucidativos, deixando transparecer que temos muitas coisas em comum. Porém, não posso desprezar a idéia de que possa acontecer as coisas não baterem como premeditamos, uma vez que, pessoalmente, nem sempre é como imaginamos. Mas, se somente conversando e olhando nossas fotos a tesão fluiu, por que não haveria de fluir na ocasião do olho no olho?    Não tem nenhum sentido pensar nessa hipótese! Mas... com essa vida louca que vivemos, tudo é possível!

Quando cheguei no edifício que Bela disse morar, logo no portão estava uma mulher correspondendo fielmente ao nome, alta, esguia e um corpo que ela não havia me mostrado em suas fotos, sempre enviadas da cintura para cima, talvez para me surpreender pessoalmente. E, se pensou assim, acertou em cheio. Saltei do caro e me aproximei meio cabreiro, com a expectativa dela gostar de mim ao vivo. Nos cumprimentamos com um abraço, beijos na face e elogios de como você é linda, como você é bonito, muito mais que nas fotos, etc., continuando com umas conversinhas meio cabreiras e tolas, ambos desejando se familiarizar. Convidei-a para dar um giro na cidade para eu conhecer, fomos ficando mais íntimos e, quando eu a trouxe, já me despedi com um gostoso beijo na boca, daqueles “técnicos” que dão nas novelas da Globo!

Estaremos indo amanhã pela manhã para Ibicuí, tendo o maior cuidado com a estrada, bastante concentrado, supondo que passarei um S. João que jamais esquecerei!

Juro que na minha volta, contarei detalhadamente, se os meus planos deram certo, e as coisas realmente ocorreram como deveriam, enchendo ambas as partes de prazeres e satisfações!

Viva S. João e seja o que Deus quiser!

 

*Escritor – Historiador e poeta!

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