Antonio Nunes de Souza*
As gírias e
expressões idiomáticas dentro da nossa língua, talvez imitando em vários
aspectos os americanos do norte, cada dia que passa nos deixam (nós que somos
da velha guarda), totalmente voando e por fora, sem entender os neologismos, ou
as aplicações de palavras que exprimem uma ação completamente estranha, para
nós mortais do século passado e, teimosamente, ainda estamos sobrevivendo!
Antigamente
quando se dizia que o jovem, ou a jovem estava se soltando, significava que ele
ou ela estava dando “pum”. Hoje essa expressão significa nada mais nada menos,
que eles estão mais liberados, menos tímidos, etc.
Outra
expressão que tenho até vergonha de dizer ou escrever, era a que se usava para
descaracterizar uma virgindade: Fulana saiu de casa! Ou também: Beltrana não é
mais moça! Juro por Deus que estou morto de vergonha, mesmo estando aqui
escrevendo na minha solidão, imaginando que alguém vai ler e rir do meu
dicionário de Antanho. No meu tempo isso era considerado um ato de depravação
jamais perdoado pelos pais, e pela sociedade. A pobre coitada era execrada, e
banida logo de início de todos os meios, pois, seu fim já era traçado como uma
futura prostituta, ou melhor, utilizando o termo dos mais radicais da época:
Rapariga ou puta!
Antigamente
as moças perdiam a virgindade no casamento, e hoje é na primeira comunhão. Em
nossos dias, o velho e quase inexistente hímen (o popular cabaço), é perdido
(ou quem sabe, achado) com a maior naturalidade. Pois, as meninas de 12 anos em
diante, não ousam mais conserva-los, para não serem taxadas pelas amigas de
doentes ou otárias. Os pais, estes que eram os torturadores e carrascos do
passado, apenas se preocupam alertando para usarem camisinhas ou preservativos,
simplesmente com medo de doenças venéreas e netos indesejáveis. Mas, transar,
pode a vontade até dentro da própria casa, enquanto eles estão vendo novela na televisão!
Quando se
falava: Vou ficar! Interpretava-se como que a jovem não iria, ficaria em casa
com seus pais e estudando. Hoje, paradoxalmente, quer dizer que ela vai “ficar”
com um cara e se gostar repete, se não... nunca mais o verá! Pode-se considerar
como um teste drive sexual da moda!
No meu tempo
quando alguém dizia que queria um “crush”, estava querendo um refrigerante de
laranja que existia na época. Já hoje significa uma pessoa que lhe provoca
tesão!
Com essa
terminologia, enriquecida de novas palavras para as velhas ações, ficamos nós
obsoletos seres humanos, tendo que procurar nos atualizar diariamente, para que
não sejamos taxados de caretas ou retardados. Ou como se diz hoje: Pagando
mico!
*Escritor – Historiador
e poeta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário