Antonio
Nunes de Souza*
Meu
nome é Rodolfo Júnior, sou filho único do meu pai, num segundo casamento, já
com seus cinquenta anos de idade. Então, por um azar terrível, minha mãe morreu
no dia que nasci, em função de um problema de parto. Imagino o trauma que
causou em meu pai, viúvo pela segunda vez e, quando vem o primeiro filho para
lhe alegrar, Deus leva minha mãe para o seu lado!
Fui
criado por minha avó e duas tias solteironas que, logo, logo, passaram a me
chamar de Rodolfinho, imaginem vocês que, naquela época, esses nome era,
simplesmente, aviadadíssimo! Deveriam ter me tratado por Júnior! Além de me
tratarem como uma boneca, com carinhos, chamegos e vontades, tinham o maior
cuidado em não deixar eu brincar com os meninos da rua. Sempre estava em casa,
onde elas reuniam umas meninas e eram minhas companhias. Não preciso dizer mais
nada, pois, já deduziram que me transformei numa bichona cheia de frescuras e
trejeitos!
Com
dezenove anos, fui para capital fazer vestibular e fiquei em um pensionato
chique, onde ficaria até terminar o meu curso superior de artes cênicas. Haviam
vários estudantes de cursos diferentes, muitos já universitários e todos adoraram
a minha chegada, pois, gostaram tanto de mim que, na segunda semana que eu
estava lá, a maioria já tinha me comido com carinho e presteza. Fiquei
apaixonado pela minha hospedaria, pois tinha cama, mesa e banho, sempre
acompanhado de um homem atrás de mim!
Um
dia, um estudante de medicina, que sempre nos relacionávamos, até com certo
amor, me convidou para ir visitar o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues.
Curioso (bicha é sempre curiosa), resolvi ir. Aí foi que o caldo entornou! Ao
entrar em um salão grande cheio de mesas de mármore, me bati com dezenas de
cadáveres completamente abertos, mostrando as vísceras e os órgãos que,
imediatamente, fiquei tonto, com vontade de vomitar e pedi a Luiz (meu amigo)
que me levasse para casa. Saímos, ele chamou um taxi, eu suando frio e amarelo,
que não era coisa de bicha não. Era falte de costume de me deparar com coisas
daquele tipo e não esperava que fosse assim tão violentas as imagens!
Chegando
em casa, já meio refeito, porém com minha mente gravando os cenários vistos,
nem consegui almoçar. E, sinceramente, passei vários dias sonhando, ou melhor,
tendo pesadelos com a visita fúnebre que, inadvertidamente, fiz.
Fiquei
encabulado, pois, o médico da minha pequena cidade do interior era gay, como
ele tinha aguentado aquelas aulas cadavéricas durante o curso? Vá ver que o
danado é BI! Eu hem! Tô fora de
me deparar outra vez com cadáveres! Gosto de homens duros, mas...bastante
vivos!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hoptmail.com-antoniomaanteiga.blogspot.com
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