Antonio Nunes de Souza*
De
todas as invenções, sem nenhuma dúvida, a televisão deve ocupar o primeiro
lugar graças sua tecnologia de nos fornecer o som e imagem no ato dos
acontecimentos que estão ocorrendo em qualquer parte do mundo. Para os jovens
isso não passa de um fato simples e corriqueiro, mas, para nós mais velhos, que
acompanhamos várias copas do mundo através do rádio em ondas curtas, com
descargas terríveis exatamente nas horas dos melhores lances, quando a TV veio
para o Brasil, mesmo sem a existência das transmissões via satélites, foi um
assombro quando passamos a ver os jogos um dia após as realizações, através de
vídeo tape que vinha transportado pela nossa Varig. Foi uma verdadeira
revolução, pois, naquele momento, estávamos todos entrando na era da
possibilidade de vermos, no dia seguinte, a comprovação que tínhamos ouvido no
nosso querido e eficiente rádio. E, para nosso maior espanto e alegria,
aconteceu logo em seguida o inacreditável: as primeiras transmissões via
satélites! Transmissões de imagens, sons e notícias, comprovadas pelos próprios
participantes dos fatos ou eventos.
Para
quem nasceu e o aparelho de TV já fazia parte do mobiliário da sala, tudo isso
não há nada de anormalidade, apenas serve de risos quando contamos, porém, não
tenho vergonha de confessar que até hoje me espanto quando vejo algo ocorrendo
no outro lado do mundo e, ao mesmo tempo, alguém interagir com perguntas e
receber as respostas imediatamente.
Esse
preâmbulo elogiando essa telinha que se transformou em uma febre diabólica e indispensável
em qualquer lar (já faz parte da família), nada mais é para protestar contra mais
uma péssima utilização do progresso que, infelizmente, é usada na maioria da
sua atuação com uma vasta programação nociva e nefasta, deseducando nossos
jovens com desenhos animados violentíssimos (armas poderosas, super heróis que
lutam e matam centenas de bandidos, corridas e perseguições de automóveis e
motos com atropelos e acidentes nas vias públicas, etc.), sem contar as
novelinhas inocentes das seis e das sete que são recheadas de “beijos técnicos”
que as línguas vão até os esôfagos dos artistas, refletindo em eventuais
produções independentes geradas no decorrer das estórias. Tudo isso é um triste
exemplo para nossos jovens, muitas vezes, ou quase sempre, levando-os para
caminhos nada louváveis e perigosos!
Até
o programa de Ana Maria Braga, que era uma “Dona Benta” modernizada, passou a
ser uma “Datena Digestiva”, pois ela passou a enxertar os seus rocamboles com
crimes, assaltos, roubos, estupros, seqüestro relâmpago, etc., acompanhando de
perto os noticiários das tragédias do nosso triste cotidiano, que nos enche de
pânico e terror, nos desestimulando até a dar uma circulada nas ruas.
Por
último, é inevitável falar em um sórdido e imundo programa intitulado de Hiper
Tensão, onde os candidatos, humilhantemente, se submetem a comer baratas,
minhocas, besouros, conviver com ratos, aranhas e cobras para ganharem prêmios
em dinheiro. Isso representa um desrespeito humano ao telespectador, uma vez
que essas podres tarefas poderiam ser substituídas por literatura, artes,
cultura em geral e educativas. Sobre o “Big Brother” nem me canso de falar mais,
de tão ridículo que é. Jamais vou engolir ter que ouvir Pedro Bial chamar
aquele bando de idiotas de “meus heróis”!
Infelizmente,
aquele invento que tanto me impressionou, transformou-se numa máquina de
terrorismo que, a cada minuto, joga em nossa casa (em qualquer horário)
noticiários de crimes e tragédias assustadoras!
Lamentavelmente,
por uma ironia do destino, esse instrumento é a única diversão dos pobres, que
não têm condições de freqüentar teatros, cinemas, clubes sociais, museus,
bibliotecas, academias e outros ambientes salutares e benéficos.
Por
tudo isso é que considero a TV um terror a domicílio!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antonioda
agral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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