sexta-feira, 18 de março de 2011

Melhor idade ou estudante de medicina?

                                                              Antonio Nunes de Souza*

Na verdade, quando alcançamos a tal da melhor idade, apelido simpático dado a terceira idade ou a popular e antiga velhice, automaticamente nos transformamos em exímios estudantes de medicina, pois, nos encontros diários ou eventuais com nossos amigos da mesma faixa etária, as conversas são sempre sobre as desventuras corpóreas dos nossos organismos, debilitados pelos desgastes do tempo resultados das nossas estripulias e descuidos.
Já não me causa estranheza falar sobre diabetes, AVC, enfartes, CA, diálises, marca-passos, tromboses, próstata, coluna, cálculos renais e pontes de safena. Renites, gripes, desarranjo e prisão de ventre são tão comuns que já dispensamos tal papo, pois, são coisas para principiantes. Preferimos os temas mais arrojados que levam a CTI, como também os transplantes e implantes.
O implante dentário é sempre usado pelos que podem suportar os altos preços e preferem triturar um churrasco nos dentes e sorrir de satisfação. Mas, tem aqueles que preferem a velha e tradicional dentadura, comer sua carninha moída ou bem cozida, tomar uma sopinha e, por prazeres mais refinados, optam pela prótese peniana para alimentar, com satisfação, seus instintos sexuais. Sinceramente, acho até uma boa opção!
Não escapa, em nenhum encontro, a possibilidade de ampliar conhecimentos médicos, agregados a farmacologia, uma vez que, sempre eles têm uma nova receita dentro dessa área de algum lançamento laboratorial novo, ou alguma experiência caseira. Sem contar os papos televisivos do Dr. Dráusio Varella que a turma anota e segue com regularidade.
Então... Mediante o exposto, certamente você me dará razão para que eu, orgulhosamente, me considere estar na melhor idade e, consequentemente, fazendo meu curso genérico de medicina que, embora não dê o direito a receituários, respeitando as regulamentações do Ministério da Saúde, amplia diariamente meu cabedal clínico, pelo menos para entender os sofrimentos e debilitações dos meus contemporâneos, não tendo que fazer aquela cara de idiota quando eles falarem em Alzhaimer ou Parkinson.
Portanto, quando se encontrarem comigo, respeitem além dos meus cabelos brancos, meus grandes conhecimentos médicos e, se quiserem me ajudar, tragam receitas de chás e simpatias, pois a turma de velhinhos adora essas novas práticas, achando que são milagrosas!
Como sou muito brincalhão, já me deu vontade de dizer que a descoberta maravilhosa na França é na aplicação da acupuntura, que, se todos os dias pela manhã se enfiar uma agulha em cada lado da bunda, ajuda a baixar a taxa de colesterol!
Podemos ser velhos, mas, nunca devemos perder o humor!

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com)

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