sexta-feira, 11 de março de 2011

As mudanças do tempo!

                 Antonio Nunes de Souza*                                                                                                                                                                                                   
As gírias e expressões idiomáticas dentro da nossa língua, talvez imitando em vários aspectos os americanos do norte, cada dia que passa nos deixam (nós que somos da velha guarda) totalmente voando e por fora, sem entender os neologismos ou as aplicações de palavras que exprimem uma ação completamente estranha para nós mortais do século passado e, teimosamente, ainda estamos sobrevivendo.
Antigamente quando se dizia que o jovem ou a jovem estava se soltando, significava que ele estava dando “pum”. Hoje essa expressão significa nada mais nada menos que ele está mais liberado, menos tímido, etc.
Outra expressão que tenho até vergonha de dizer ou escrever era a que se usava para descaracterizar uma virgindade: Fulana saiu de casa! Ou também: Beltrana não é mais moça! Juro por Deus que estou morto de vergonha, mesmo estando aqui escrevendo na minha solidão, imaginando que alguém vai ler e rir do meu dicionário de Antanho. No meu tempo isso era considerado um ato de depravação jamais perdoado pelos pais e pela sociedade. A pobre coitada era execrada e banida logo de início de todos os meios, pois seu fim já era traçado como uma futura prostituta, ou melhor, utilizando o termo dos mais radicais da época: Rapariga ou puta!
Em nossos dias, o velho e quase inexistente hímem (o popular cabaço), é perdido (ou quem sabe, achado) com a maior naturalidade. Pois, as meninas de 12 anos em diante, não ousam mais conserva-los para não serem taxadas de doentes ou otárias. Os pais, estes que eram os torturadores e carrascos do passado, apenas se preocupam alertando para usarem camisinhas, simplesmente com medo de doenças e netos indesejáveis. Mas, transar pode a vontade até dentro da própria casa, enquanto eles estão vendo televisão na sala.
Quando se falava: Vou ficar! Interpretava-se como que a jovem não iria, ficaria em casa com seus pais estudando. Hoje, paradoxalmente, que dizer que ela vai ficar com um cara e se gostar repete, senão, nunca mais o verá. Simplesmente, um teste drive sexual da moda.
Com essa terminologia, enriquecido de novas palavras para as velhas ações, ficamos nós, obsoletos seres humanos, tendo que procurar nos atualizar diariamente para que não sejamos taxados de caretas ou retardados.
Fui cair na asneira de mostrar essa crônica ao meu filho e ele, as gargalhadas, falou: Velho você vai pagar o maior mico!
E eu, na minha mais pura ignorância, pensei: Pô! Será que vou ter que comprar um macaquinho?
*Escritor e poeta (Vida Louca) ansouza_ba@hotmail.com




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