sexta-feira, 16 de julho de 2010

O homem feliz!

O homem feliz!
Antonio Nunes de Souza*

Era o que alguém poderia dizer com segurança: Impossível! Isso não existe!
E o pior era que existia e, futuramente, foi comprovado por toda cidade, causando a mais completa e absurda indignação.
A cidade era pequena e do interior. Logicamente todos se conheciam e os segredos de todos ou quase todos, já não eram segredos para ninguém. Eu disse quase todos, porque o segredo de Marcos era, inacreditavelmente, desconhecido por todo mundo, inclusive os seus amigos mais íntimos. Pois, quando Marcos chegou para morar na cidade, juntamente com a sua mãe que era viúva, já tinha 10 anos de idade e por isso ninguém conhecia suas particularidades.

Para mim foi um choque tremendo, quando descobri inesperadamente e em circunstancias trágicas, toda aquela desvairada e fantástica historia. Nada poderia ser mais absurdamente incrível do que o que acontecia nas barbas de toda cidade e todos desconheciam e jamais poderiam suspeitar que aquilo existisse e, caso pudesse existir, seria impossível estar existindo tão perto de todos nós.

Marcos era um rapaz relativamente bonito. Não era alto, um pouco magro, tinha uma bunda meio batida e seu andar era engraçado porque ele andava com os pés um pouco para fora, como se estivesse sempre chutando uma bola. Embora usasse óculos, estes até que melhoravam sua aparência, dando-lhe um aspecto enganador de intelectual. Sempre estava participando de festas, pois adorava dançar, principalmente exibir-se para as platéias. Porém, o que mais gostava era de ficar aos beijinhos com as gatinhas, dando uma impressão que não poderia viver sem elas. Seu chamego era tanto que os amigos apelidaram-lhe de Mosca de Padaria. Porque beijava todas as roscas e broas e não comia nenhuma. Algumas vezes a gozação era maior e diziam que ele era igual a uma serpente banguela (dava o bote, mais não comia ninguém).

A verdade é que ele não precisava de ninguém. Era um homem literalmente completo que, mais tarde, veio a dar inveja a muita gente. Seus prazeres eram constantes e sempre estava sorrindo em função de ter uma vida sexual intensa e deliciosa, isto a qualquer hora ou lugar, independente de estar só ou acompanhado. Parece estranho o que eu disse, porém é a expressão viva da verdade, e você logo saberá que eu tenho as minhas razões de assim afirmar.

Marcos era um hermafrodita. Embora tivesse todas as características masculinas (não se levando em conta algumas frescuras eventuais), era possuidor de uma linda e sensual xoxota, situada ao lado interno da sua coxa esquerda que, por estar bem próxima lateralmente do seu saco escrotal, era praticamente imperceptível para qualquer pessoa notar, mesmo ele estando nu. Este seu segredo, que só sua mãe sabia, jamais foi descoberto ou confessado por sua fiel genitôra, fazendo com que ele circulasse normalmente em qualquer lugar, sendo tratado acima de qualquer suspeita.

E, em função dessa agradável (?) anomalia, Marcos não dependia de ninguém para saciar seus desejos sexuais, pois, todas as vezes que ficava excitado, bastava introduzir o seu modesto pênis na sua particular e sedutora vagina e, em qualquer lugar que estivesse, gozava várias vezes, sem que os que estavam cercando-o percebessem o que estava passando em sua cabeça, ou seu membro por assim dizer. Uma vez que já estava habituado a transar em locais públicos, acostumou-se a não deixar transparecer as suas emoções na hora dos orgasmos, ocultando com maestria aqueles peculiares tremores e viração de olhos, tão comuns nesses momentos de prazer.

Entretanto, um belo final de tarde, ao por do sol, estava Marcos na sacada da sua casa admirando a linda praia que ficava em frente, quando surgiu andando pelas areias uma maravilhosa mulher, com um corpo escultural que, sem a menor cerimônia, passou a tirar o minúsculo biquine e encaminhou-se para o mar, completamente nua. Ao retornar, depois de molhada, a penugem do seu sexo deixou Marcos tremendamente excitado e desejoso de possui-la.
Na proporção em que se deitava na areia, rolando para os lados, o sol desenhava sua silhueta, provocando cada vez mais o desejo de Marcos em transar com ela.

Nessa altura, já com seu membro totalmente duro e latejando, querendo dizer que era importante uma penetração naquele momento, mais que depressa, dada a sua prática e sagacidade, Marcos sentou-se no baixo muro da sacada da janela do seu quarto, situado no andar de cima do sobrado, cruzou as pernas e introduziu quase que de uma vez todo seu membro na sua particular vagina que, como uma boca gulosa, engoliu aquele pedaço de nervo com a maior alegria. Assim procedendo, começou a bater as coxas, fazendo com que o movimento fizesse com que ele chegasse logo ao orgasmo.

E foi o que aconteceu quase que imediatamente. Marcos gozou logo uma vez, porem achando que era pouco, continuou com o bate coxas até gozar mais duas vezes. Aí, nessa última vez, não conseguindo controlar-se com os seguidos estertores e ejaculações, escorregou janela abaixo, caindo de uma altura de mais de dez metros.

Não precisa dizer que foi o maior vexame. Pois, aquele corpo nu espatifado na calçada, fez com que todos corressem para cima. E, assombrados, dezenas de curiosos em sua volta, ainda puderam ver Marcos, no tremor da morte, ainda gozar mais uma vez e, como últimas palavras, disse:
“Graças a Deus eu sempre fui um homem auto-suficiente. Mulher eu sempre olhei como se fossem cobras. Bonitas, coloridas, sensuais, porém perigosas e cheias de veneno”.

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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