sexta-feira, 16 de julho de 2010

De longo a sem calcinha!

De longo a sem calcinha!
Antonio Nunes de Souza*

Com a evolução do tempo, necessidades climáticas e proteção natural, os seres humanos começaram a vestir roupas, inicialmente utilizando peles de animais e, nos diversos períodos atravessados, foram sendo criadas séries de materiais até chegarem aos tecidos de algodão, linho, etc., finalmente, sendo seu campeão de uso e venda nos nossos dias, os confeccionados com fibras sintéticas.
Elogiável e perfeita essa preocupação técnica e científica, no sentido de nos dar uma real proteção sazonal adequada, nos agasalhando das intempéries, já que somos passivos de uma grande variação climática em nosso planeta.
Mas, tudo estaria perfeito não fosse nossa vaidade, aflorada pelo pecado amplamente conhecido como inveja, estimulando a criação de algo que revolucionou o mundo do vestuário, no sentido de personalizar cada indivíduo ou os mais privilegiados, usando tecidos e cortes especiais, tornando-os diferenciados e dando-lhes status de VIP. Aí, mais que depressa, surgiu a figura do estilista, que vem se firmando cada vez mais ao longo do tempo, impondo seus gostos (muitas vezes extravagantes), direcionando o público para suas tendências. Enfim, ditando suas modas e nos impondo o que devemos usar ou não, para não sermos considerados caretas, cafonas, bregas e outros adjetivos mais depreciativos.
Será que tudo isso é certo?
Sem sombra de dúvidas é certo, gostoso e salutar!
Você já imaginou andarmos na rua ou irmos numa festa e estarem todas as pessoas usando o mesmo tipo roupa?
Até para você encontrar alguém seria uma trabalheira terrível em função da padronização. E, por mais interessante que fosse, seria tristemente uniforme.
Portanto, devemos prestigiar, e muito, as pessoas que se dedicam às sofisticações e idealizações permanentes em nossos vestuários, pois, graças a elas temos a oportunidade de nos apresentar mais adequadamente e, ao mesmo tempo, apreciarmos em todos os lugares as belezas ressaltadas pelos tecidos e adereços que estão compondo cada personagem.
Como venho prestando atenção a esse fato desde os anos 60, tive oportunidade de ver os longos vestidos, as cargas de anáguas, os conjuntos Chanel, a moda cigana e descontraída dos hippes, o lançamento da mini saia de Mary Quant, a calça Sant Troupez de Brigitte Bardot, o psicodelismo da londrina Carnaby Street e, daí pra frente, uma variação incalculável em torno do tema, que só faz embelezar as mulheres, e os homens também, já que o modismo tornou-se praticamente unisex.
Hoje vimos retornar a imbatível calça Sant Troupez, mais arriada na virilha que, com a conivência da mini blusa, deixa a mostra os sedutores pelos pubianos. E, para selar a harmonia panorâmica, a mini volta como micro saia e as estrelas e jovens estão, generosamente, dispensando o uso das calcinhas.
Acho que está tudo lindo e muito certo nessa liberdade de se vestir e faz muito bem a nossa visão no dia-a-dia. O que peço a Deus é que eu não tenha nunca catarata ou glaucoma, para poder pelo menos, apreciar essa moda tão aprazível e sedutora.

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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