Antonio Nunes de Souza*
O
primeiro poema que aprendi em minha vida, no início da juventude, foi quando apareceu
um poeta que foi fazer um recital no cinema (em S. Amaro da Purificação esses
eventos literários, eram muito comuns), e ele declamou poemas maravilhosos e
foi muito aplaudido! Sendo esse, embora curto, foi o que mais me impressionou e
nunca mais esqueci:
NÃO
ENTENDO
Não
entendo, não entendo,
Pelas
ruas da cidade,
Havia
um louco dizendo:
Com
toda sinceridade
Não
entendo, não entendo!
As
casadas sempre puras,
As
viúvas procedem bem,
As
mocinhas coitadinhas,
De
donzelas o nome tem!
No
entanto os asilos
De
pequeninos vão enchendo
De
quem são esses meninos?
Não
entendo, não entendo!
Infelizmente,
pelos mais de sessenta anos passados, não lembro-me quem ele falou que era o
autor (uma pena), mas, curiosamente, peguei o programa do espetáculo, e
terminei decorando esse histórico e sempre atual poema!
Essa
parte inicial é para mostrar que temos a desdita de ver, atualmente e crescentemente,
o número absurdo de milhões de crianças abandonadas, a grande maioria sem a
felicidade de encontrar abrigos em instituições governamentais, vivendo
precariamente em suas favelas, embaixo das pontes, construções abandonadas,
bancos de jardins, ou embaixo de marquises. Mais lamentável ainda é ter a
tristeza de vê-las remexendo latas de lixo, apanhando restos contaminados para
se alimentar!
Fico
repugnado e sinto dor no coração, principalmente quando vejo nos jornais,
revistas e televisões, grupos enormes de dondocas, atores e atrizes, fazendo
campanhas fervorosas para salvar os cães e gatos abandonados, mostrando seus
animaizinhos de estimação com roupinhas, colares, laços de fitas, maletas
especiais para transportes, planos de saúde e outras coisas mais!
Em
nenhuma hipótese sou contra os animais domésticos, acho claro e lógico que seus
donos tenha cuidados especiais, porém, que suas preocupações externas e públicas,
sejam mais voltadas para nossas crianças que, logicamente, são humanas e vivem
sofrendo num mundo desigual e desumano!
Reafirmo
que não tem sentido isso, ou seja, as grandes preocupações e movimentos, são muito
mais pelos gatos e cachorros, que com as crianças, pois, comprovadamente, com
essa vida de desprezo, discriminação, abandono, falta de oportunidades, terminam,
como já presenciamos atualmente, transformam-se em verdadeiros marginais e
bandidos!
Falei
apenas citando os cães e gatos, mas, conheço um rato branco que tem vida de
príncipe: Casa, comidinha, cama e roupinhas lavadas!
Pensem,
reflitam, usem de sensatez e, mesmo que não desejem fazer adoções, pelo menos
façam visitas periódicas em asilos (de crianças e também idosos), levando um
livro ou presente qualquer, até mesmo uma palavra de carinho e afeto que, com
certeza, os deixarão felizes, e com certeza você se sentira muito bem com essa
ação de solidariedade!
EM
TEMPO: “Não votem em Bolsonaro!”
*Escritor
e historiador!
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