Antonio Nunes de Souza*
Minha
maior característica como cronista é escrever textos somente criados pela minha
imaginação, sempre um tanto pecaminosa, espelhando situações nada peculiares,
mas, com certeza, relativas a fatos e atos que já aconteceram em algum lugar do
mundo, estão acontecendo nesse momento, ou seguramente, acontecerão no futuro.
Logicamente, estou dizendo isso baseando-me nas “porralouquices” que os homens,
nas suas horas mais terríveis, deixam transparecer através de ações nada comuns
e inovadoras!
Porém,
hoje acordei com uma grande saudade de um velho e querido amigo que,
lamentavelmente, foi acometido de uma doença e veio a falecer apenas com 52
anos de idade. Pela nossa média de idade atual, podemos dizer que morreu na
flor da idade, quando deveria começar a desfrutar das maiores alegrias e
satisfações. Temos que encarar essas fatalidades, porém, com determinada
tristeza, principalmente quando os atingidos são pessoas amigas e queridas por
nós! Esse foi o caso do meu dileto e estimado amigo Chico (Francisco Cavalcante
Filho), que ficava puto quando o chamavam de “Chico Mentira”! Mas, mesmo não
gostando, segurava todas, somente fazendo uma cara de zangado e valente!
Era
um tipo alegre divertido, forte, boa pinta, andar cheio de poses, adorava
fazer, normalmente, caras e bocas, ser encarado como um touro valente e, acima
de tudo, achava-se um grande conquistador. Em qualquer ambiente que estivesse,
não deixava de fazer poses de machão e distribuir olhares de conquistadores de
filmes e novelas, principalmente quando estava em um bar ou boite, que ele
adorava pedir um Campari por ser uma bebida chamativa vermelha, e havia na
época uma publicidade com umas mulheres lindas, e a mais bela dizia: Adorei
aquele que está com um Campari na mão! Eu ria bastante por essa loucura de
conquistador barato, mas, respeitava sua maneira de explanar o seu charme nada
comum. Embora eu fosse bem mais velho que ele, saímos muito juntos nas noites e
madrugadas, sempre nas esperanças de nos dar bem. Coisa raríssima, posso
confessar, pois, mesmo ele com todos as suas nuances, eu terminei lhe
apelidando de “serpente banguela”! Dava os botes, mas não comia ninguém! O
verdadeiro “mosca de padaria” que assenta em todas as broas, mas não come
nenhuma! Eu o sacaneava com essas titularidades e ele ficava puto comigo, porém,
aceitava numa boa, pois nossa amizade era quase, ou mais que fraternal!
Hoje
meus olhos lacrimejaram quando lembrei-me desse amigo querido que, com a
aparência de um Pitibull, tinha um coração grande e acolhedor, sempre sensível
para ajudar quem fosse preciso, na roda de seus amigos. Estou preparando-me
para lhe encontrar em breve na desconhecida terra do além, pois, voltaremos a
nos divertir, uma vez que imagino que ele esteja usando das mesmas estratégias
terráqueas, para conquistar as “anjas” lá no céu!
Como
lá nos eventos só servem água benta, não duvido ele dar um pequeno furo no dedo
e colocar umas gotas de sangue no copo, para que as “anjagatas” pensem que é
Campari!
*Escritor
– Historiador e poeta!
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