Antonio Nunes de Souza*
Ela era uma mulher maravilhosa. Jovem, bonita, corpo escultural, sensualidade invejável e uma bunda que era, inacreditavelmente, maravilhosa. Estou fazendo essa observação enfática com relação a sua retaguarda, em função de ser a parte mais cobiçada, desejada e provocante perante os homens atualmente!
Porém, com todo esse charme e um perfil de uma estrela de cinema, tinha um defeito na personalidade que, depois que conheci, mesmo estando cheio de paixões, sofri as agruras do inferno: Ela era uma tremenda barraqueira!
Mesmo tendo feito faculdade, não esqueceu o ranço conseguido e entranhado na periferia suburbana, onde viveu durante muitos anos de sua vida!
Eu, advogado engrenando minha carreira, com trinta anos, bem apessoado, sou bastante educado e detesto vexames ou confusões. E, infelizmente, quando conheci Marjory numa balada noturna, ficamos tão fascinados um com o outro, que já fomos para casa como dois namorados. E assim continuamos por alguns meses, na maior maravilha com dias inesquecíveis e noites luxuriantes de prazeres!
Às vezes eu nem acreditava ter conseguido uma mulher tão especial e deslumbrante, me perguntando sempre, por que ela não tinha namorado anteriormente?
Aí, como as coisas demoram, mas acontecem, fiquei sabendo a razão da sua solidão, mesmo sendo uma linda gata! Estávamos numa danceteria de pagode, o samba correndo solto e ela animada e alegre rebolava no salão que, mesmo sem ter intenções, provocava todos os olhares de desejo dos homens presentes. E, no aconchego do salão, um cara se esfregou na sua linda e generosa bunda (com intenção ou não), e ela não fez por menos, xingou o homem dando uma baixa, cuspiu na cara e, olhando seriamente para mim, exigiu que eu desse um murro no cara! Como eu tinha tomado alguns drinques, e o cara era mais baixo que eu, avancei logo para atender o seu pedido. Meu amigo, recebi uma porrada pela cara, fui jogado no chão, tomei uns pontapés na barriga que, antes de desmaiar, percebi que havia, literalmente, me cagado todo. E olhe que eu estava com prisão de ventre, tendo uma semana que eu não conseguia evacuar. Mas, jamais desejei esse tipo de laxante, pois, o cara era lutador de artes marciais e fez a festa comigo. Mesmo no chão, ainda ouvia ao longe, a voz dela gritando pra mim: Levanta seu covarde e quebra esse cara de porrada!
Desmaiei completamente e quando acordei, o carro do SAMU havia me levado para um hospital, eu estava lavado e usando uma bata branca e muitos pontos e curativos na face!
Numa cadeira em minha frente, estava ela sentada e com a cara revoltada, foi logo dizendo aos gritos: Quando você sair daqui, exijo que você vá procurar aquele cachorro, e dar uma grande surra nele!
Naquele momento a única reação que tive foi dizer para ela, mesmo sendo linda e maravilhosa: Vá a porra sua encrenqueira desgraçada e nunca mais me procure!
E ela na hora respondeu: Vou mesmo que eu não gosto de homem frouxo. Se levantou e antes de bater a porta, virou-se para trás e gritou: Sempre desconfiei que você era gay!
*Escritor – Historiador –Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)
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