Antonio
Nunes de Souza*
Sendo
hoje uma adulta e mãe de duas filhas, mesmo morando em uma minúscula
cidadezinha do interior, onde os estudos são frágeis e poucos, não, de forma
nenhuma, enviarei minhas filhas para uma cidade maior, ou para a capital, tendo
que deixa-las, em função das idades, morando em internato. Refiro-me a esses
colégios ainda comuns, para atender aos alunos que não tem parentes no local!
Esse
meu posicionamento prende-se as minhas desagradáveis experiências que, na
época, eu até adora e acha tudo uma maravilha e novidade para mim. Vou ser
bastante sincera, para deixe registrado para outras pessoas o que acontece,
normalmente, nos bastidores de um internato:
Fui
para Salvador com quinze anos e fiquei no Internato Nossa Senhora da Paz. Tudo
muito bonito, as Freiras bem educadas e bondosas, uma edificação enorme, que,
segundo a Madre Superiora, podia acomodar trezentos alunos, de ambos os sexos.
Eram dois pavilhões, sendo um para meninas e o outro para meninos.
Meus
pais acertaram tudo, pagaram o enxoval que era fornecido pelo colégio, se
despediram de mim com lágrimas nos olhos e eu, toda assanhada, estava adorando
essa vinda para uma capital.
Começaram
as aulas, tudo muito bem, estudos, bancas, missas, brincadeiras, esportes,
alimentação nas horas certas, merendas, etc., nos quartos ficávamos duas em
cada cômodo, numa fileira enorme de pequenos quartos bem limpos e arrumados,
todos com móveis iguais e pintados de rosa claro. Nos aposentos dos meninos,
assim como tudo, era igual, porém as cores eram azuis.
Com
o passar dos dias fui descobrindo aos poucos, que haviam freiras lésbicas que,
nas caladas das noites, levavam uma das meninas para os seus quartos e,
tranquilamente transavam sexualmente, entre beijos e abraços. Em princípio
fiquei sobressaltada, pois, para mim, essa experiência era novíssima. Juro que
torci para que uma delas me pegasse um dia. E não foi que, uma noite Irma
Margarida veio me buscar enquanto minha colega dormia, alegando que estaria me
levando para uma oratória noturna. Eu, já esperta e sabendo da coisa, fui toda
assanhada e alegre para saber como era a tal reza!
Chegando
no quarto dela, luz apagada, somente entrava a claridade do luar pela janela e,
na penumbra, ela sem pestanejar, me abraçou e deu uma grande beijo na minha
boca.
Eu,
tranquilamente, correspondi, ao tempo de ela tirava as nossa roupas e,
carinhosamente, montou seu corpo sobre o meu, esfregando nossos sexos numa
massagem gostosa que, em alguns minutos, estávamos as duas gosando
deliciosamente.
Depois
dessa “oratória sexual”, voltei para meu quarto, me lavei e deitei para dormir,
porém, bastante tensa e eufórica pela aventura ocorrida, quem disse que
consegui dormir?
Fiquei
acordada até de manhã, ainda sentindo o ótimo orgasmo da noite e, por incrível
que pareça, já estava doida que Irmã Margarida voltasse na noite seguinte.
Entretanto, infelizmente não aconteceu, e me deixou frustrada.
Como
eu achei a experiência maravilhosa, passei a tentar seduzir minha companheira
de quarto que chamava-se Celina. Aí quando eu comecei a lhe fazer algumas
carícias disfarçadamente, ela, sem nenhuma vergonha me disse: Eu já fui ao
quarto de Irmã Margarida, e você foi?
Eu
caí na gargalhada, que era o sinal de “sim”. Então... sem nenhuma vergonha me
disse: vamos nos duas nos amar? Com essa proposta eu, rapidamente, pelo meu
desejo refreado, beijei a sua boca com sofreguidão, já debruçando-me sobre ela
mesmo estando as duas vestidas com pijamas. Mas, ficarmos nuas foi num
instante. Porta trancada, desejos aflorados, nós duas bastante jovens, botamos
as aranhas para brigar, até sentir as vibrações dos corpos indicando o gozo.
Daí
pra frente, passamos a dispensar a Irmã Margarida, sempre dando desculpas, até
que ela parou de aparecer. Aí foi a sopa no mel! Todas as noites eu e Celina
tranzavámos tranquilamente, chegando a dormir, muitas vezes, na mesma cama,
agarradas uma na outra. Estávamos completamente viciadas!
Terminado
o ano, voltei para as férias na minha cidade, morrendo de saudades de Celina,
pois ela morava em Itabuna e eu em Gandú. Porém, como sempre a gente se
comunicava por telefone, ela me convidou para passar uns dias em sua casa. Meus
pais deixaram prontamente, me colocam no ónibus e eu segui.
Lá
chegando foi uma festa, fui abençoadamente colocada no quarto de Celina e, não
deu outra: Foi a maior apegação, principalmente pela nossa secura e saudades.
Foram quinze dias de amor que, no dia da volta, saímos as duas chorando, e seus
pais elogiando a grande amizade, inocentes de que nós éramos amantes. Ficamos
de nos encontrar no colégio no mês seguinte!
Infelizmente,
quando cheguei em casa, encontrei meus pais bastantes tristes, pois, mediante a
situação do cacau com a praga da “vassoura de bruxa”, doença terrível, ele não
poderia mais me manter no internato, e que eu teria que ficar em Gandú, até que
a situação melhorasse. Aquilo me deixou super debilitada, pois, não concebia a
ideia de não mais estar com meu amor, que era Celina!
Com
o tempo, fui esquecendo do meu vício lesbiano, até que arranjei um namorado
interessante que, literalmente, me levou para a normalidade sexual. Com algumas
poucos ligações telefônicas com Celina a coisa foi esfriando, terminando por
acabar e nunca mais soube notícias dela.
Resolvi
contar essa odisseia que aconteceu comigo, para que sirva de informação para os
pais, pois, lamentavelmente essas coisas acontecem normalmente em internatos,
inclusive, na ala dos alunos, falava-se que os padres faziam as mesmas coisas
com os meninos, muitos saindo de lá como verdadeiros passivos e ativos homossexuais!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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