Antonio
Nunes de Souza*
Depois
de uma série de problemas em minha vida, com a morte prematura dos meus pais,
para acabar de me deixar completamente transtornado, minha mulher, grávida de
seis meses, é tragicamente atropelada por um indivíduo completamente bêbado!
Eu
estava ao lado dela, vínhamos do supermercado, não aguentei ver a cena e, mais
que depressa, fui contra o canalha atropelador, mesmo sem antes socorrer minha
mulher. Agarrei-o pelo pescoço e, não fosse as pessoas que se aproximaram, eu
teria matado o assassino asfixiado.
Chamaram
o SAMU, mas, infelizmente minha mulher já estava morta. Eu parecia um louco
querendo a todo custo me soltar das mãos dos populares, para matar o crápula
que tinha provocado o acidente. Ele, com o aperto que lhe dei, achava-se
desmaiado ao lado do carro!
Rapidamente
chegou a polícia, um carro levou o motorista preso, completamente cambaleante,
e eu super aflito chorava copiosamente vendo a minha querida mulher totalmente
contorcida e lavada em sangue. Me acalmei um pouco, o pessoal do supermercado
pegou um lençol e cobriu Margarida (esse era o seu nome), enquanto esperavam o
carro do departamento criminal para leva-la para os procedimentos de praxe!
Passado
todo transtorno de enterros, etc., infelizmente, eu fiquei debilitado de tal
forma que, por sugestão da empresa que eu trabalhava, me aconselharam a
procurar um psicólogo/analista, no sentido de regularizar a minha mente,
através de análises. Como eu era uma excelente funcionário, deram-me três meses
de licença sem a necessidade de encostar-me no INPS.
Aí
começou a mudar a minha vida. Me indicaram uma psicóloga como competentíssima e
eu, prontamente fui a procura dela.
Liguei,
marquei consulta e, no dia previsto, fui e me apresentei. Ela, uma pessoa
simpática e agradável que, mesmo sem esbanjar belezas, era uma mulher bastante
sorridente e sensual!
Começamos
a nossa primeira consulta, me colocou num divã super confortável, e eu comecei
a contar toda minha tragédia e os reflexos provocados pelo acontecido. Fechei
os olhos e, com algumas lágrimas escorrendo, desabafei completamente todas as
minhas dores. Ela calada e, como boa ouvinte, algumas vezes me estimulava para
que falasse tudo com os mínimos detalhes. E eu, com clareza, desembuchava as
minhas mágoas.
Resultado
é que, com a continuação, fomos nos identificando, com minha melhora, passamos
a jantar fora algumas vezes e, como sempre acontece, o paciente se apaixonou
pela médica e a médica se apaixonou pelo paciente. Fato que não é raro nos
divãs de analistas, ou na medicina em geral!
Como
vivo em Brasília e ela também, juntamos nossos “paninhos” e estamos morando
juntos na maior felicidade, os filhos dela me adoram, somos da mesma idade,
beirando os cinquenta, e eu continuo na empresa na função de contador.
Veja
como as vezes certas fatalidades, sempre depois, nos propiciam prazeres e
felicidades inesquecíveis!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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