Antonio Nunes de Souza*
Devido comentários
descabidos que, lamentavelmente, ouvimos e vemos no nosso dia-a-dia, como
observador e imaginação fértil para dar toques e nuances hilárias, resolvi
escrever esse texto onde retrato uma situação que está ocorrendo de uns anos
para cá, com tendências a continuar e, certamente, será ampliada cada vez mais!
Estava em um
supermercado dos mais chiques da cidade e ouvi, com alto e bom tom: - Stefanny
Greicy pegue na mão de seu irmão Uoston Bruce que já vamos para a escola de
ballet pegar sua irmã Pavillowa!
Olhei para a figura,
uma afro descendente com roupas e trejeitos suburbanos que, empurrando um carro
cheio de compras, em uma das mãos levava um celular dos mais modernos,
juntamente com uma penca de chaves brilhantes que podia-se ver que era de um
carro novo. Lógico que me deu vontade de rir por duas razões. Primeiro pela pompa
e orgulho que ela falava com o ar de felicidade e outra por estar presenciando
um fato completamente inusitado e jamais visto anteriormente, com as
administrações públicas passadas, deixando-me cheio de alegrias por ver de
perto como o povo está sendo prestigiado e tratado como gente. E, mesmo sendo
uma cena rápida, quando olhei para o outro lado, pude ver dois casais de
“riquinhos sociais”, que cochichavam meio alto: Você vê que neguinha
pernóstica, tudo por culpa da Princesa Isabel! Caíram todos numa gargalhada deixando
nos seus rostos o ódio e despeito por estarem no mesmo mercado misturados com
os massacrados pobres do passado que, ainda por cima, usando os sofisticados
nomes da moda, inclusive iguais aos dos seus intocáveis filhos!
Continuei a minha
peregrinação pelas prateleiras selecionando minhas compras, matutando e rindo
internamente com o ocorrido mas, por ironia do destino, quando me dirigi ao
caixa, lá estava a suburbana emergente com sua sofisticada prole e, por uma
casualidade divina, os casais de riquinhos estavam logo atrás na fila, com seus
carros mais modestos que ao da criatura e, esbugalharam os olhos quando viram
Carne Friboi, queijo, presunto e outras iguarias que eles tem pena de consumir,
pois preferem juntar dinheiro para adquirir mais propriedades. E quase
desmaiaram quando o mulher gritou para Uoston: Largue esse Ipode menino, quando
chegar em casa você pega seu “notebook” e conversa com seus amiguinhos Ted e
Frank!
Nesse momento, não pude
conter uma forte gargalhada (olhando para o outro lado), quando vi a expressão
de ódio e inveja que estampava nos rostos dois casais que, em represália, foram
para outro caixa, deixando o rastro da sua condenação e revolta! Ainda tive
tempo de ouvir o comentário mortal entre eles: Tudo isso é culpa do Lula e da
Dilma. Esse povo era para estar em nossa cozinha! Ouvi com desdenho tal absurdo
e o mais que pude fazer foi, mentalmente, chamá-los de “filhos da puta”!
Achei genial
testemunhar essa melhoria de classe social do povo, tendo acesso as
tecnologias, alimentos, escolas, etc., ainda sofrendo com a saúde, segurança e
outras coisas básicas, porém não se pode resolver tudo magicamente. Somente
Deus conseguiu fazer um mundo maravilhoso em sete dias, mas, se tivesse Ele uma
série de políticos lhe cercando, certamente, até hoje estaria se batendo para
acertar as coisas!
Terminando minha
crônica, não posso deixar de imaginar como são tratados e chamados os filhos
dessa senhora no condomínio popular e na escola:
Uoston= Ostinho – Stefanny
= Faninha – Pavillowa = Pavinha.
Genial tudo isso, que representa uma mudança radical no comportamento
humano em termos de equilíbrio social!
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com
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