Antonio
Nunes de Souza*
De todos os nossos
péssimos hábitos e costumes, inegavelmente, a hipocrisia é a mais usada no dia
a dia, de uma forma tão contundente e simplória que, pelo seu desplante, passou
a ser algo completamente natural. Ficou como as mentiras que, de tão repetida
através dos boateiros, terminam sendo acreditadas como verdades, havendo até os
fanáticos que juram que é pura verdade. As vezes até, para enfatizar suas
narrativas, dizem que viram ou estavam presentes nas horas das ocorrências!
Suponho que a franqueza
que expus acima seja tão simples e sincera que, apenas matutando um pouco,
qualquer um pode ver que existe uma veracidade grande em minhas palavras, sem
que esteja exagerando nada nas constantes ocorrências. Gosto sempre de
salientar que trata-se de uma opinião pessoal, pela experiência do tempo, sem
que exista estudos ou pesquisas científicas comprobatórias e, assim sendo,
posso estar redondamente enganado nessa vertente que achei, mais uma vez,
ousadamente, escrever!
Não pretendo penetrar
em nuances mais profundas, vou me ater as conversas corriqueiras e banais do
cotidiano, nos encontros casuais ou premeditados com pessoas ou grupos, nas
ruas, shoppings, praias ou eventos sociais, quando com sorrisos nos rostos ouvimos
as frases banais e adjetivações amplas e exageradas: “Minha filha você continua
uma gata, sempre charmosa e elegante!”. “Isso é que é vida! Linda com uma roupa
da moda, arrasando e dando seu passeio, inibindo até os manequins das
vitrines!”, Meu bem, esse biquíni foi pensado e talhado para você. Deixou seu
corpo bem sexy e mostra que você continua poderosa. Metralhando os meninos do rio e os da Bahia
também!”, “Sinceramente querida, você está desbancando a dona da festa com esse
vestido lindo em diversas tonalidades. Seu cabelo esvoaçante e com mechas,
parece que você é uma atriz global!”
Em todas essas
ocasiões, normalmente, quando você dá as costas com seu ego mais cheio que um
balão a gás, na grande maioria das vezes, todos riem e debocham, comentando da
seguinte forma em cada uma das situações: “Vocês viram minhas filhas como
Leninha está derrubada? Com o andar já se arrastando para um lado e meia
arqueada nos ombros!”, “Vocês repararam o vestido que ela estava? Um modelo que
nem as evangélicas querem mais usar. E a bunda murcha parecendo uma tábua de
passar! Os manequins das vitrines estava eram rindo e achando graça da pobre
coitada!”, Meu Deus, aquela ali não pode ser Leninha! Com aquela barriga, bunda
caída, peitos que se soltar o sutiã vão bater na cintura, a cara parece uma
maracujá madura ou já apodrecendo, um biquíni dos anos noventa que nem minha
avó quer mais usar. Pobre Leninha, o tempo não teve pena dela!” E, em cada uma dessas observações “sacanas”,
todos caem na gargalhada, em vez de, quando chegarem em casa, ficarem nus e se
olharem num grande espelho e ver que não é somente Leninha que está decaída,
pois se todas foram contemporâneas, obviamente, estão todas no mesmo patamar!
Mas essa hipocrisia já
está tão enraizada e generalizada que, a própria Leninha, ao chegar em casa,
comenta com sua família: “Encontrei umas amigas e antigas colegas de colégio, e
só vendo como estão uns “bagaços”! Feias, envelhecidas, mal vestidas que,
sinceramente, tive até pena!”
Essa hipocrisia parece
que faz bem a saúde, pois, sempre está sendo repetida e todos se sentem felizes
em fazer as suas críticas e elogios no decorrer dessa vida louca que vivemos!
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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