Antonio
Nunes de Souza*
Não
posso perguntar a vocês as sensações de querer desaparecer da face da terra,
morrer completamente, sumir, etc., pois, somente aqueles que vivenciaram essa
trágica sensação, tomaram suas decisões e, infelizmente, não voltaram para
contar como é a coisa, qual das religiões estão certas, se ninguém sabe nada,
ou se na verdade, apenas nada aconteceu a não ser o óbvio de você ser
enterrado, servir de banquete para os micróbios, que você não foi para lugar
nenhum a não ser a catacumba, e que tudo que lhe disseram é uma verdadeira
balela!
Pois
é amigos, estou, literalmente, a beira de suicidar, porém, com a cabeça cheia
de dúvidas, se vou encontrar o que me ensinaram desde a infância, o que me
disseram na fase adulta, ou o que ouço e leio na velhice! Simplesmente é foda
você estar decidido a tomar uma decisão séria e sem volta e, nesse momento, em
vez de estar tranquilo com sua decisão já determinada, aparece em sua mente uma
vertente de coisas possíveis de acontecer depois, lhe deixando refletir tolices
de detalhes na hora que, para você, é a da decisão definitiva!
Por
não ser chegado a religiões, pouco conhecedor das profundas seitas, para não me
irritar numa hora tão importante de vida, vou me ater a analisar sutil e
superficialmente, apenas as mais conhecidas e divulgadas: A católica, a
evangélica e a espírita!
A
católica diz que quando morremos, mesmo sendo verdadeiros pecadores, somos
perdoados e vamos para o céu, nos juntarmos ao Espírito Santo, ficarmos
sentados na mão de Deus. Logicamente, nada mais tranquilo que isso alguém
poderia desejar. Ter uma nuvenzinha de quarto e sala, sem pagar condomínio, com
vista para o corcovado, acordar com os anjos tocando harpas, tomar um bom café
coado com água benta, acompanhado de hóstias fritas e manjar dos Deuses. Tudo
isso 0800, sem precisar nem de dinheiro e nem cartão! Podemos dizer de peito
aberto que é um verdadeiro vidão, paradoxalmente, pra quem morreu!
Já
a evangélica tem bastante similaridade com a católica, com a diferença da
existência fanática da existência do inferno e seu chefe o Satanás que, sem
titubear, bota fervendo nos castigos, para você pagar os pecados de bondades
que você, tolamente cometeu! Sinceramente, não me é muito simpática essa
possibilidade infernal. Basta a que vivo na terra!
Restou
agora a espírita, talvez a mais mística e cheia de mistérios. Nela nós,
simplesmente, nos desencarnamos (essa ideia me dá arrepios, parecendo que estão
nos desfiando para fazer “risoto”). Depois disso, ficamos a disposição da
chefia que determina quando deveremos voltar, mas, enquanto isso, é importante
purgar bastante para purificar nosso espírito e, como prêmio, receber uma
passagem de volta para vivenciar alguém do passado, que você não conhece, capaz
de ser alguém complicado e você ter que segurar a barra desse desconhecido
personagem, novamente dezenas e mais dezenas de anos. Essa não me atrai nem um
pouco!
Ao
que parece, a católica está na frente, levando uma grande vantagem. Mas, se
todos estiverem enganados? Como enfrentar um inferno ou purgatório para pagar
pecados? Se bater com Satanás de frente, olho no olho? Porra! Chego a tremer de
medo! E também ficar um espírito vagando pelo mundo, esperando a vida chegar,
não é nada aprazível!
Mediante
essas dúvidas atrozes, não vou mais suicidar, vou ler e aprender sobre outras
religiões e, posteriormente, tomarei uma posição definitiva. E, como vi que é
complicada essa morte, muito mais que a vida, vou aproveitar, pegar meu carro,
ir a praias, tomar uma cervejinha, comer um gostoso acarajé e, claro, azarar as
gatinhas!
Eu
hem! Essa vida é louca, mais é adorável. Fernando Pessoa disse em seu poema que
“navegar é preciso” (e eu navego na NET) em seguida ele diz: “Viver não é
preciso”! Corta essa Fernando, você que já foi, não sabe o que está perdendo!
*Escritor*
- Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário