sábado, 21 de maio de 2016

Dúvidas que me matam!

Antonio Nunes de Souza*

Não posso perguntar a vocês as sensações de querer desaparecer da face da terra, morrer completamente, sumir, etc., pois, somente aqueles que vivenciaram essa trágica sensação, tomaram suas decisões e, infelizmente, não voltaram para contar como é a coisa, qual das religiões estão certas, se ninguém sabe nada, ou se na verdade, apenas nada aconteceu a não ser o óbvio de você ser enterrado, servir de banquete para os micróbios, que você não foi para lugar nenhum a não ser a catacumba, e que tudo que lhe disseram é uma verdadeira balela!
Pois é amigos, estou, literalmente, a beira de suicidar, porém, com a cabeça cheia de dúvidas, se vou encontrar o que me ensinaram desde a infância, o que me disseram na fase adulta, ou o que ouço e leio na velhice! Simplesmente é foda você estar decidido a tomar uma decisão séria e sem volta e, nesse momento, em vez de estar tranquilo com sua decisão já determinada, aparece em sua mente uma vertente de coisas possíveis de acontecer depois, lhe deixando refletir tolices de detalhes na hora que, para você, é a da decisão definitiva!
Por não ser chegado a religiões, pouco conhecedor das profundas seitas, para não me irritar numa hora tão importante de vida, vou me ater a analisar sutil e superficialmente, apenas as mais conhecidas e divulgadas: A católica, a evangélica e a espírita!
A católica diz que quando morremos, mesmo sendo verdadeiros pecadores, somos perdoados e vamos para o céu, nos juntarmos ao Espírito Santo, ficarmos sentados na mão de Deus. Logicamente, nada mais tranquilo que isso alguém poderia desejar. Ter uma nuvenzinha de quarto e sala, sem pagar condomínio, com vista para o corcovado, acordar com os anjos tocando harpas, tomar um bom café coado com água benta, acompanhado de hóstias fritas e manjar dos Deuses. Tudo isso 0800, sem precisar nem de dinheiro e nem cartão! Podemos dizer de peito aberto que é um verdadeiro vidão, paradoxalmente, pra quem morreu!
Já a evangélica tem bastante similaridade com a católica, com a diferença da existência fanática da existência do inferno e seu chefe o Satanás que, sem titubear, bota fervendo nos castigos, para você pagar os pecados de bondades que você, tolamente cometeu! Sinceramente, não me é muito simpática essa possibilidade infernal. Basta a que vivo na terra!
Restou agora a espírita, talvez a mais mística e cheia de mistérios. Nela nós, simplesmente, nos desencarnamos (essa ideia me dá arrepios, parecendo que estão nos desfiando para fazer “risoto”). Depois disso, ficamos a disposição da chefia que determina quando deveremos voltar, mas, enquanto isso, é importante purgar bastante para purificar nosso espírito e, como prêmio, receber uma passagem de volta para vivenciar alguém do passado, que você não conhece, capaz de ser alguém complicado e você ter que segurar a barra desse desconhecido personagem, novamente dezenas e mais dezenas de anos. Essa não me atrai nem um pouco!
Ao que parece, a católica está na frente, levando uma grande vantagem. Mas, se todos estiverem enganados? Como enfrentar um inferno ou purgatório para pagar pecados? Se bater com Satanás de frente, olho no olho? Porra! Chego a tremer de medo! E também ficar um espírito vagando pelo mundo, esperando a vida chegar, não é nada aprazível!
Mediante essas dúvidas atrozes, não vou mais suicidar, vou ler e aprender sobre outras religiões e, posteriormente, tomarei uma posição definitiva. E, como vi que é complicada essa morte, muito mais que a vida, vou aproveitar, pegar meu carro, ir a praias, tomar uma cervejinha, comer um gostoso acarajé e, claro, azarar as gatinhas!
Eu hem! Essa vida é louca, mais é adorável. Fernando Pessoa disse em seu poema que “navegar é preciso” (e eu navego na NET) em seguida ele diz: “Viver não é preciso”! Corta essa Fernando, você que já foi, não sabe o que está perdendo!

*Escritor* - Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com

Nenhum comentário: