domingo, 22 de maio de 2016

Saidinha bancária!


 Antonio Nunes de Souza*

Quando ouvi pela primeira vez essa expressão, assustei-me imaginando que estava sendo espionado nas minhas peregrinações nos finais das tardes, para admirar alguém merecedora e cheia de méritos!
Mas, depois de ouvir e ver o restante do noticiário percebi que se tratava de algo nada abonador, crime, atitude condenável e desqualificada. Bem diferente das minhas belíssimas e agradáveis intenções.
Para que seja compreendido com maior clareza, se faz necessário que explique o fato com maior desenvoltura, justificando minhas razões.

Como todos sabem, os bancos comerciais, usando da astúcia peculiar das grandes empresas, colocam uma gama selecionada de moças bonitas, simpáticas e inteligentes para que procedam aos atendimentos dos clientes, conquistando assim uma melhor captação de depósitos e operações financeiras que, constantemente, abundam os seus preciosos e nababescos balanços. E essa tática funciona muito bem, quando o departamento de recursos humanos pratica essa norma com atenções redobradas. E no meu banco (um dos que me atende) não é diferente, pois tenho o privilégio de ser gentilmente atendido, com paciência e carinho, por uma menina/mulher cheia de graça, alta, bonita, simpática e com um sorriso tão encantador, que mesmo ao meu contra gosto, me faz esquecer a taxa mensal que ele me cobra, talvez como sendo o ingresso pelo lindo espetáculo que me proporciona quando vou a agência fazer alguma operação nas suas benditas (ou malditas) máquinas eletrônicas. Às vezes, me faço de desconhecedor, somente para ser socorrido pela minha bonita e amável atendente, aproveitando para me deleitar por alguns minutos com atenções especiais.

Com o que declarei acima, justifica que eu seja um praticante da tal ”saidinha bancária” do bem, ocasião que, no happy hour, na penumbra do cair da noite, me posto perto do banco e, a uma distância razoável, acompanho a saída da minha querida atendente, elegantemente, dirigindo-se para a faculdade ou para sua casa.
Mas, quem sabe se um dia não tomarei coragem e armado com a flecha do cupido, chegarei a sua frente e, sem pestanejar gritarei ameaçadoramente: É um assalto! Passe-me o seu coração, se não eu me matarei!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL (Blog Vida Louca) – antoniodaagral26@hotmail.com

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