Antonio Nunes de Souza*
Ontem
à noite, numa conversa com minha querida amiga Jacira, fui inquirido com essa
pergunta, que pela sua insistência de uma resposta, suponho e tenho quase que
certeza, que ela deve ter sofrido, recentemente ou no passado, alguma desilusão
afetiva, quer seja de amigo, quer seja de algum relacionamento com vínculo mais
forte. Provavelmente, deve ter sido o tal do abstrato amor, que sempre foi e
continuará sendo, o trapalhão dos casais de todos os sexos. Não perguntei a
razão da curiosidade, pois, essa pergunta normalmente parte de pessoas
atingidas pelo fato, e ficam descrentes, achando que isso é uma atitude
estritamente do homem, quando na verdade, ela é acentuada em ambos os sexos, e
se duvidar, os homens mentem até menos, pois, não sabem esconder muito bem suas
falhas.
É
muito difícil você encontrar uma pessoa jovem, que não seja enfeitiçada pelo encontro
do príncipe ou princesa encantada, que é uma figura deslumbrante que nenhum dos
amigos ou amigas jamais conheceram, uma dádiva divina, a personagem dos seus
sonhos, etc. (eu também tive minhas fases e muitas mulheres me deixaram
idiotizado com essa virose perigosa e tola, mas, me vacinei cedo e fiquei
imune!). Essa fantasia criada na mente, não existe e jamais existirá. O que
existe é uma identificação, comportamento, tratamento, respeito, troca de
informações, gostos similares, níveis culturais compatíveis, simpatia e
sinceridade.
Partindo
dessas prerrogativas, que são as que encontramos entre nossos poucos amigos,
chegamos ao afeto, desejo de estar junto a toda hora, bole com a libido,
transpira o desejo e as coisas acontecem, provocando a união carnal e sexual em
qualquer que sejam os sexos, seguindo as preferências de cada um dos envolvidos,
e temos que respeitar qualquer que sejam as opções, independentemente de
qualquer preconceito de gênero, cor, religiosidade, idade, etc.!
O
tal do amor, esse sentimento abstrato, não passa da junção de todos esses
fatos, que se complementam e proporciona momentos agradáveis, felizes e de bem
estar. Mas, tudo isso mesmo acontecendo a contento, devemos ter o discernimento
que não é nada eterno e infinito, tendo uma duração sem uma dimensão de tempo.
Pois, somos mutantes por natureza, e vivemos todos em busca sempre de mais
alguma coisa ou novidades. Trata-se de uma característica humana em função das
tentações, provocações e assédios constantes, e, nesses momentos, aqueles mais
sinceros e com caráter falam a verdade e tomam suas posições. Entretanto, uma
grande fatia prefere continuar acobertando pela mentira tendo um comportamento
dúbio, desfrutando das vantagens de estar enganando seus parceiros.
O
fato é que quando achamos que estamos amando, ridiculamente, passamos a crer
que a pessoa nos pertence, nos deve todas explicações, são obrigados a viverem
estritamente em função de nós, eliminando suas vontades, preferências, e que em
todas situações tem que ser com a participação do casal, quando, muitas vezes,
gosta-se de se estar com outras pessoas (amigos, colegas, diversões, etc.), sem
estarem acompanhados de suas ou seus amados. A isso se chama de liberdade de
opção, que se deve respeitar sem fazer as famigeradas cobranças, que
normalmente, provocam as mentiras para evitar discussões. Esse assunto é vasto
e complicado, jamais poderíamos dar uma idéia maior em tão pouco tempo. Pois,
sei que outras perguntas virão automaticamente e, somente pessoalmente, ou em
um livro, teríamos condições de fazer uma explanação mais detalhada e mais
compreensiva. Porém, creio que essa síntese já dá para que se pense um pouco
sobre o assunto, se faça reflexões e haja com os pés no chão, não acreditando
em saci pererê, Caipora, papai Noel e, principalmente, príncipes ou princesas
encantadas!
O
cão é um animal que serve (mais ou menos) para ilustrar esse texto, pois, ele
representa o símbolo da fidelidade e amor ao seu dono, mas, gosta de liberdade,
se deixa acariciar por algumas outras pessoas que ele se identifica, circular
por vários lugares sozinho, porém, quando você o chama ele vem correndo aos
seus pés, lhe lambe (beija), fica andando em sua volta, dando uma demonstração
de que você é muito importante em sua vida. O dia que você chamá-lo e ele não
retornar é porque as coisas não estão indo bem, e precisando de consertos com
urgência!
Um
bom conselho é você viver momentos felizes que a vida lhe proporciona, deixar o
barco singrar pelos mares, cuidar, veemente, da sua independência econômica e
profissional, que, quando atingir esse ponto, já terá aprendido a enfrentar
esses acidentes de percursos, sorrindo e com naturalidade!
Felizmente,
minha amiga Jacira ficou bastante satisfeita com minha longa resposta!
*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um
dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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