sexta-feira, 18 de julho de 2025

O INCRÍVEL ASSALTO! (Clique e leia)

 

 Antonio Nunes de Souza*

-Pare em nome da lei! Gritou o policial para um homem que passava na calçada.

-O senhor está falando comigo?

-Isso mesmo. O senhor está preso por assalto a mão armada, minutos atrás a uma joalheria. Tire as mãos dos bolsos bem devagar e coloque-as sobre a cabeça!

-O senhor está louco! Disse o homem, tirando as mãos dos bolsos e mostrando que era bi-maneta, vitimado por um acidente de fogos que explodiu em suas mãos. Eu não tenho mãos e nem tenho arma. Tudo que o senhor está falando é um bruto engano da sua parte!

-A vendedora disse que o assaltante estava usando uma camisa vermelha, calça preta, sapatos marrom e branco, bigode, cabelos grisalhos, uma bolsa tira-colo branca e tinha uma cicatriz na testa. E o senhor se enquadra perfeitamente nessa descrição!

-E cadê essa filha da puta mentirosa?

-Vamos até a joalheria e ela vai conosco até a delegacia, para prestar a queixa e depoimento. Dizendo isso, revistou o acusado não encontrando nada, disse: Eu não posso nem lhe algemar, pois, não tem as mãos, mas, não tente escapar e fugir. Juro que estou curioso, para saber como você fez para sacar a tal arma que a vendedora falou!

-Devo ter enfiado o revolver na bunda e virado pra ela, enquanto com os cotocos dos punhos, abria as vitrines e apanhar as valiosas joias!

O policial não conteve o riso, mas, como acontece nesses casos, começou a juntar uma porção de curiosos, preferiu pegar o homem pelo braço e seguir em direção ao local do assalto!

O dono do estabelecimento já havia chegado, atendendo o chamado urgente da vendedora, e ela contava toda nervosa e gaguejando como aconteceu o fato, já que estava sozinha no momento da ocorrência!

Quando fomos entrando e ela nos viu, começou a tremer e gaguejar mais ainda, apontando para o homem e dizendo: Foi ele que fez o assalto. Ele me pegou pela blusa, meteu a mão em meu bolso, tirou as chaves das vitrines, e com o revolver apontado pra minha cabeça. Eu fiquei morrendo de medo, pois, vi que ele estava com o dedo no gatilho e, como estava nervoso, tive medo que disparasse acidentalmente!

O homem, com os braços para trás, olhava a cara cínica da moça contar essa absurda história. Quando ela, depois de enxugar os olhos, olhou diretamente para o homem, este levou os braços a frente e mostrou para todos que não tinha nenhuma das mãos, apenas os braços que não iam além dos pulsos.

Ela tomou um susto grande e saiu correndo para o fundo da loja, já gritando que telefonassem para o seu noivo. Nessa altura, na porta via-se uma multidão de curiosos, loucos para saber o desfecho final!

Sem entender direito o que estava acontecendo, e a reação estranha da moça, o policial pediu ao dono da joalheria que fechasse a porta e eles iriam até o fundo, onde ficava o escritório, para poder interrogar a moça e esclarecer os fatos! Feito isso, a moça encolhida no canto, chorava desesperadamente, e pedia que pelo amor de Deus, telefonassem para que seu noivo fosse imediatamente para lá!

-O que eu quero é que a senhora fale a verdade, já que vimos que trata-se de uma mentira, toda estória que nos contou. E, soluçando bastante e cabisbaixa, ela começou a falar: Sei que foi uma loucura da minha parte, mas, estava desesperada para casar, e como meu noivo e eu não estamos em condições financeiras, resolvi forjar esse roubo para vender as jóias e conseguir dinheiro para realizar o meu sonho!

-Mas, por que a senhora acusou esse homem como o autor?

-Aconteceu que meia hora atrás, ele estava parado aí em frente, e eu gravei todas suas características, imaginando que nessa multidão, seria difícil a polícia, ou alguém localiza-lo! Mas, o castigo me pegou, pois, ele estava com as mãos nos bolsos e não notei que ele nem as tinha!

Dito isso, o policial de acordo com o dono da loja, liberou o homem, apresentando desculpas, ficando aguardando o noivo que já estava a caminho, e desconhecia totalmente essa atitude da mulher, para irem todos para o distrito policial!

O homem saiu bastante aliviado e disse pra si mesmo: Porra! Essa é a primeira vez que fico alegre por ter perdido as mãos naquele acidente, senão teria entrado numa fria filha da puta!                                                                                           

                                                                                          *Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!                                                                                                           

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