quinta-feira, 3 de julho de 2025

A DESLUMBRANTE FESTA DE DOIS DE JULHO! (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Como se fosse um “vale a pena ver de novo Global”, esse belíssimo evento de Dois de julho, feriado baiano dos bons, nada mais justo que darmos uma esticada na Lapinha para ver o desfile da Cabocla. Na verdade a Cabocla é apenas uma desculpa, pois, para ser sincero, meu interesse maior é admirar de perto toda “mestiçagem” baiana, que vai do preto ao sarará, mesclando com mulatas e mamelucas, mas, todas elas com bundinhas empinadas e bem torneadas, graças à origem africana, que tem esse angelical dom de quadris sensuais, convidativos e apetitosos. Porém, essas beldades estão sempre mescladas entre louras brancas, turistas do sul e internacionais. Um cardápio feminino com grande variação vaginológica!

Coloquei minha melhor bermuda, camiseta regata da moda para exibir minhas novas tatuagens, tênis com grife, óculos Ray-Ban, peguei o carro e, todo barbeado e perfumado, segui meu destino na esperança de me dar de boa no babado cívico!

Fui pelo Barbalho imaginando encontrar caminhos mais livres, já que vi na TV que algumas ruas seriam interditadas. Mas, mesmo por essa trajetória, o trânsito estava uma merda. Parece que todos pensaram o mesmo que eu, e as ruas estavam congestionadas, tendo que parar bem distante do largo e fazer o percurso a pé. Porém, isso não me deixou puto ou chateado, pois, andando daria oportunidade de admirar melhor as pessoas que passavam, principalmente aquelas que na minha maliciosa mente eu desejava ver!

Na proporção que ia me aproximando a aglomeração aumentava o número de pessoas já se acotovelando, procurando lugares privilegiados. Crianças, velhos, adultos, estudantes, funcionários públicos, além de grupos de professores grevistas, que aproveitam as festividades, para fazer protestos contra os políticos ausentes e presentes, mostrando seus descontentamentos pelas não aceitações de suas reivindicações, algumas pertinentes e outras nem tanto. Mas, tudo isso faz parte da democracia e da badernagem que é peculiar nesses eventos públicos.

Notei de longe que o cortejo estava começando, então parei em um ponto estratégico, ficando à espera da passagem, pensando em acompanhá-lo até o Campo Grande que é a parada final, onde, certamente, haverá baianas de acarajé, vendedores de cervejas, churrasquinhos, Hot-Dogs e outras iguarias, logicamente acompanhados de música e, com certeza, seria o momento que eu, suavemente, encostaria em algumas gatas, com o intuito de encontrar uma ao meu gosto para “ficar”.

Passados alguns minutos não deu outra! Assim que acabaram os discursos e a multidão começou a dispersar, havia uma barraca que o samba de roda estava correndo solto como o diabo gosta e, no seu interior, estava reunida a fina flor do mulherio (turistas e nativas), que como eu, estavam ali com as mesmas intenções afrodisíacas. Entrei, comprei logo uma latinha de Skol bem gelada, e ainda meio tímido, comecei a sacudir o corpo no ritmo, bem cautelosamente.

Mas, com dez minutos, já estava sambando que nem uma carrapêta, pegando as meninas pelas cinturas, procurando escolher quem seria minha encantadora vítima.

“Quem samba fica, quem não samba vai embora. Quem é homem é meu senhor, quem é mulher minha senhora”. Esse refrão é do mais famoso samba de roda de meu Santo Amaro da Purificação, ecoava ao som dos tambores, pandeiros e cavaquinho, provocando um remelexo sensual e lascivo nas negras, mulatas, morenas e loiras meio sem jeito que compunham a roda, estimulando desejos impiedosos nos mais polidos cristãos. Eu, por minha vez, sentia-me excitado não só de olhar, como também com as “roçagens” eventuais, que o apertado ambiente meigamente proporcionava!

Colei com uma gata deliciosa chamada Arlete, e passamos a dançar bem agarradinhos, sem nem reparar que estávamos no meio de uma festa de largo. Aliás, como todos os baianos, ninguém está mais ligando com quem esta em sua volta. O importante é quem está ao seu lado ou em seus braços. Assim sendo, segui essa regra benevolente e continuei minha esfregação, sempre tomando mais uma cerveja para dar mais animação, diminuir a inibição e, consequentemente, aumentar a excitação.

Dezenove horas, já bastante cansado e cheio de expectativas, convidei Arlete para irmos embora buscar o carro que deixei pelas bandas do ICEIA, e de lá seguiríamos para meu apartamento, selar com chave de ouro nossa louvação a Cabocla, a luta pela Independência e ao nosso digníssimo dois de julho. Ela, sem pestanejar, avisou as amigas que estávamos indo, trocamos beijinhos de despedidas, pois, já estávamos todos muito íntimos. Pegamos um táxi e seguimos nosso destino!

O restante não precisa contar, pois, foi uma noite maravilhosa cheia de transas pecaminosas em diversas posições cívicas e patrióticas, homenageando a nossa data magna baiana. Arlete, como uma bandeira, enfiava-se no meu mastro, e como se estivesse numa ventania mexia pra todos os lados, deixando-me louco de excitação e prazer!

“Viva Dois de Julho! E essa Baia de todos os Santos e a Bahia de todos os pecados!”

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!                                       

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