domingo, 8 de junho de 2025

QUEM TRAÇA OS NOSSOS DESTINOS? (Clique e leia)

Antonio Nunes de Souza*

Existe grande dúvida com relação aos nossos destinos, se eles já são traçados por um Deus logo que nascemos, ou quem sabe e mais lógico e correto, que somos nós que em função dos nossos esforços, trabalhos, estudos e comportamentos, conseguimos vencer os absurdos da vida, fazendo “bonitinho” um destino brilhante, que inteligentemente traçamos!

Creio que essa grande dúvida perdurará eternamente, pois, como somos teimosos, polêmicos e adoramos ter uma bengala de sustentação, para agradecer se der certo ou justificar se der errado. Uma parte de vencedores aderem e creditam aos efeitos individuais, e a outra parte é contrária, somente para criar dúvidas, e ter um ser fictício para agradecer se der certo ou botar a responsabilidade nele pela sua incompetência!

Vejam vocês o que ocorreu com meu mirabolante destino: Sou filho de espanhóis (mãe e pai) autênticos e legítimos, com fervoroso sangue de Sevilha, local onde as touradas são sagradas e poderosas, seguindo a tradição milenar das arenas.

Mesmo depois de ter feito a faculdade de Educação física, resolvi ir para a Espanha, morar com uns tios que, concidentemente, mexiam com touros e torneios de touradas, tendo inclusive uma escola de adestramento para jovens toureiros. Aí caiu a sopa no mel, pois eu, pela minha descendência, adoraria um dia ser um toureador de linha, dando essa satisfação a minha família. Sem demora, comecei a fazer as aulas iniciais, e com muitos esforços fui me aprimorando, já fazendo corridas com bezerros, até que, depois de dois anos, eu já estava preparado para entrar numa arena, como toureiro auxiliar.

Daí pra frente, comecei a fazer da profissão minha fonte de renda, e como era natural, arranjei uma espanhola linda e charmosa e casei-me, com a satisfação de toda família, já que a noiva Maria Del Carmem Rodrigues Fernandez, era ligada aos amigos dos meus queridos tios.

Passados mais dois anos, chegou a verdadeira hora que eu deveria enfrentar com galhardia o meu primeiro touro!

Meus pais vieram para Sevilha, foi a maior entrada triunfal da minha vida. Mas, como nosso destino parece que já vem traçado, facilitei, talvez possuído pela euforia e, sem esperar, o touro me pegou e, antes que os auxiliares encostassem, me deu umas cinco chifradas, deixando-me desmaiado e todo ensanguentado. Fui para o hospital, felizmente não fui atingido em lugares mortais e, aos poucos fui me recuperando das chifradas recebidas!

Então, para selar meu trágico destino, assim que saí do hospital depois de seis meses, fiquei sabendo que, durante a minha recuperação, Maria Del Carmem andou transando com outros toureiros, velhos e novatos, dando-me uma saraivada de chifres novamente, pensando que eu ia morrer. Revoltado com a comprovação, me separei e resolvi voltar para o Brasil e recomeçar minha vida!

Então, para não sair do ramo de touros, montei um açougue e comecei a negociar com bois, porém, sem os chifres, simplesmente a carne. Mas, não é que quem tem o destino traçado não escapa?

Casei outra vez com uma brasileira e, a desgraçada, com menos de um ano, já estava me chifrando com o dono do açougue da frente. Com dor no coração, abandonei a desgraçada, não quis mais saber de casamentos, nem açougues, fui exercer a profissão que me formei, antes destas tristes histórias!

Creiam que a culpa de tudo isso não é e nem nunca foi minha, pois, sou muito macho, fui excelente marido, bom nas ações sexuais, etc. Simplesmente a culpa é do meu ingrato destino que já veio muito “mal traçado!”

Por ironia do destino, talvez por uma compensação, hoje na academia, eu transo muito com madames carentes casadas, algumas noivas que querem sair das rotinas, passando assim a ser o maior “chifrador”, como se fosse, para que eu jamais esqueça o sangue de Sevilha!

Estou e sinto-me feliz, usando muito bem os chifres que ganhei na minha ida para a Espanha!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!


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