domingo, 15 de junho de 2025

A QUEDA DAS BATINAS! (Ficção - Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Aproveitei o gancho da “queda da bastilha”, que será comemorada em 14 de julho, como a revolução francesa, para chamar a atenção de todos sobre o movimento que não tardará acontecer, em função dos novos comportamentos que exigem mudanças radicais com relação a diversas regras, hábitos, costumes e determinações sem maiores sentidos que, nos dias de hoje, não deixam de ser obsoletas e demonstração de atrasos, levando a transtornos bem mais absurdos e imperdoáveis. Os tradicionalistas certamente acharão que sou um herege, pecador profundo, profano e cheio de idéias maledicentes. Mas, não é nada disso, pois estou apenas vislumbrando algo que já vem acontecendo sutilmente e, sem dúvida, acontecerá numa proporção que não se poderá mais deixar de mudar as regras descabidas do jogo!

Estamos no ano de 2051, nas ruas e avenidas encontram-se várias passeatas reivindicadoras, pois, isso jamais parará de acontecer, atrofiando o trânsito que, enfrentando buzinas e apitos, continua parado sem poder andar. Dentre as passeatas havia uma que se destacava pela cor preta das suas vestes e a organização criteriosa e educada, mesmo com suas faixas, bandeiras e cartazes, com pedidos que batiam de testa com a Igreja e o Vaticano, mas, com objetivos bem claros nos seus desejos de mudanças. Aprendi na faculdade que o juramento de castidade (celibato) foi criado e instituído por um Papa (não lembro o nome), para que os padres quando morressem, não tivessem herdeiros, e os seus bens ficariam diretamente para a Igreja!

Naquela época já era um absurdo, mas, como a igreja era parceira dos reis e tinha um poder de mando sensacional, ser padre, mesmo com esse sacrifício, valia a pena pelo estatus que lhe davam exercer essa honrosa e santificada função. Não posso afirmar se essa é a verdade, assim como, não sei se essa determinação vaticana, ainda está em vigor por essa razão de herança!

Via-se, mesmo de longe, que dentre todas as reivindicações dos padres, a mais veementemente solicitada era a liberdade de terem o direito de se casarem, constituir famílias, dando-lhes a liberdade de viverem como cidadãos comuns com direitos de igualdade aos demais homens, pois, curiosamente, a igreja católica é uma das raríssimas no mundo que não permite o casamento dos seus ministros. As faixas e cartazes eram claros e objetivos: Queremos ter o prazer com uma mulher! – Basta de provocar o homossexualismo! – Vamos oficializar nossas amantes escondidas! – O casamento não nos fará deixar de sermos padres! – Precisamos de padres, mas, essa condição espanta os homens! E assim por diante, todos caminhando para a Catedral, vizinha a casa do Bispo, onde farão uma manifestação com discursos fortes e exigentes, com promessas de abandono das batinas (já pouco usadas) e procurarem uma nova atividade que lhe qualifique como um homem dentro da igualdade social. Bem na frente do cortejo estava o Padre Zezinho bem velhinho, com um retrato da neta de Anita de biquíni numa mãos e na outra mão um megafone, cantando o Funk “Poderosa, Cachorrona...etc, enquanto os Padres Marcelo e Fábio de Mello ao seu lado dançava Hip-hop!

Parece uma loucura da minha cabeça essa premonição, mas, tenham certeza que, possivelmente, esse fato ocorrerá até lá. Ou quem sabe, pode ser até que aconteça bem antes disso!

O curioso é que, lá no fim da passeata, havia um grupo de freiras, com uma faixa onde se lia: “Nós também queremos essa liberdade seu Bispo, chega de lesbianismo e de transar escondido com os frades capuchinhos!”   

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

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