quinta-feira, 15 de maio de 2025

SERÁ QUE RECORDAR É VIVER? (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Essa repetitivíssima expressão “Recordar é viver!”, geralmente citada quando batem os saudosismos, com uma série de lembranças de várias fases de nossas vidas, normalmente prazerosas e deliciosas, que o tempo não trará nunca mais!

Evidentemente, quando nossas recordações são as boas, graciosas, ricas de prazeres afetivos, salutares, financeiros, amorosos e sexuais, seguramente, sentimos uma verdadeira delícia, transbordamos de felicidades e, obviamente, passamos a viver, vivenciando na mente essas lindas passagens, que nos parece, estarmos sonhando acordados, pois, inevitavelmente, estamos passando um filme cerebral, que somente proporciona alegrias. E, nesses mágicos momentos, podemos gritar para o mundo que, sem sombras de dúvidas: “Recordar é viver!”

Mas, inevitavelmente, temos que olhar para o outro lado da moeda, que nada é agradável, quando o saudosismo e as lembranças nos trazem a mente, aqueles desprezíveis acontecimentos que nos feriram brutalmente, com enganações diversas, abusos de confianças, mentiras, falta de reconhecimentos, traições, coisas erradas que praticamos mesmo que somente nós mesmo fomos prejudicados, enfim, a parte negra do nosso passado, que também está fixada em nossa mente, queiramos ou não, pois, esta também faz parte integral de nossa história de vida!

Fatalmente, essa segunda explanação, mostra claramente e obviamente, que nem sempre “recordar é viver!”, pois, nesse caso, seria muito mais cabível e adequado que disséssemos: “Recordar é morrer!”, pois, verdadeiramente, por mais que perdoemos aqueles que nos feriram, tenhamos a compreensão que haviam motivos nelas pelos seus graus de ganâncias, educação, cultura e falta de consideração, as feridas deixaram marcas profundas e prejudiciais sequelas. Não só os casos envolvendo terceiros, como e principalmente, aqueles cometidos por nós mesmos contra nossa pessoa, que nos constrange profundamente, quando imaginamos como fomos idiotas e imbecis, deixando-se levar nas armadilhas fantasiosas, que a vida astuta coloca em nossas frentes!

Com esses esclarecimentos, creio que deixei bem claro e evidente que, nem sempre, a colocação dessa frase é cabível e justa, já que nem tudo que vem a nossa mente, podemos dizer que é bom e agradável reviver. Porém, por mais que os fatos tenham sidos amargos e cruéis, não devemos ficar enraivados quando nos citam, pois, trata-se de verdades que fazem parte do livro da história de nossas vidas, e por mais que queiramos apaga-las, jamais conseguiremos!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

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