terça-feira, 6 de maio de 2025

A VIDA SEXUAL E PROFISSIONAL DE NEILTINHO! (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Para que possa começar a contar a história de Neilton, tenho que falar sobre seu carrasco e machista pai Seu Mendonça, que, radicalmente, modificou o comportamento, desejos e destino desse maravilhoso rapaz.

Neiltinho, assim era chamado carinhosamente por todos, pois, tinha o mesmo nome do seu pai, sendo ele Júnior. Era o quarto filho de uma família de três irmãs, sendo ele o caçulinha da casa, cheio de dengos, chamegos e vontades nas alimentações pela mãe, e sempre nos colos femininos das irmãs. Mas, nas decisões sobre seus desejos futuros, infelizmente, foram sempre todas controladas rigidamente pelo seu pai, Seu Mendonça, homem paraibano de quatro costados, e comportamentos e hábitos a moda antiga.

Aos dez anos o menino Neiltinho, resolveu que queria, porque queria aprender balet. Aí seu pai, irritado e puto da vida, bateu na mesa e disse: Isso é coisa de viado! Você não vai de jeito nenhum e não toque mais nesse assunto, para eu não lhe dar uns tabefes pela cara!

Lógico que foi uma tristeza para ele, e uma frustração para as irmãs ao vê-lo desiludido, e o consolaram com carinhos, beijos e abraços.

Aos dezoito anos, ele descobriu que tinha um jeito especial para culinária, e quis entrar em uma escola para aprender as magias dos temperos. Porém, seu pai, novamente puto da vida, disse grosseiramente: De hipótese nenhuma quero ver meu único filho homem, com o umbigo no fogão uma panela na mão. Isso é coisa de viadíssimo! E enfatizou: Comigo a palavra é viado mesmo. Nada de homossexual, que eu acho um termo bem afrescalhado!

Já adulto, com vinte e cinco anos, influenciado por ver sua tia costureira fazendo vestidos, Neiltinho ficou tão fascinado e deslumbrado, que decidiu que ia tomar um curso de corte e costura, e iria realizar desfiles maravilhosos com os modelos que criaria. Foi aí que seu grosso, machista e revoltante pai, berrou firme: Prefiro a morte que ver meu filho que tanto amo, numa passarela como uma boneca! Isso é coisa de bicha louca desvairada. Lhe boto pra fora de casa e lhe deserdo!

O resultado é que com o passar dos anos, seu pai foi ficando velhinho, sem mais forças para comandá-lo, resultando que Neiltinho não aprendeu a fazer porra nenhuma, e transformou-se num grandessíssimo viado!

Porém, anos depois, com o passar do tempo, ele resolveu que poderia aprender algo interessante, dentro da atualidade e do mercado consumidor, e passou a se dedicar a vertente dinâmica da computação e informática. Leu, estudou bastante, fez cursos na área e, por ser inteligente e bem falante, conseguiu conquistar uma clientela ótima, já que todos gostam de receber muitas explicações. E ele não fazia por menos, explicando até o que o cliente nem queria saber e nem sabia da existência. Virou uma celebridade virtual na região, que hoje, seu apelido as escondidas, entre seus funcionários e clientes é: “Placa Mãedoncinha!”

Com essa crônica, quis mostrar que não devemos interferir em nenhuma hipótese, nos desejos dos filhos, pois, eles podem e tem o direito de escolher, e desempenhar qualquer função que desejar, sem que suas tendências sexuais sejam impecílio, abalos ou problemas. Trata-se apenas ser uma opção, que devemos, literalmente, respeitar. O importante é que todos possam seguir os seus caminhos, vivendo e fazendo o que mais se sente bem, que, com certeza, se tornarão bons profissionais nas suas escolhidas áreas! Já temos provas disso!

Neiltinho é um exemplo de luta pelos seus direitos e hoje, além de ser um gênio nas vendas e implantações de redes no mercado da informática, ainda, para relembrar os desejos reprimidos no passado, às vezes costura uma blusa, dá uns passinhos de balet nas pontas dos pés, e faz uma moqueca de peixe com camarão divina pra ninguém botar defeito!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

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