Antonio Nunes de Souza*
Saibam
vocês, que há muitos anos fomos visitados pela realeza da Inglaterra, que era
representada pela Rainha Elisabeth II e seu Marido o Príncipe Fellipe. Lógico
que foi o maior reboliço nacional, imprensa do mundo inteiro, e a mídia
fiscalizava e seguia todos os seus passos. E assim sendo, a fantástica
visitação tornou-se algo, como acontecem com as notícias internacionais uma
verdadeira bomba, deixando a Realeza sem poder dar um passo sequer, sem o sufoco
e com mais liberdade das mesuras reais!
Nisso,
chegado aos ouvidos do governador na época, prontamente, com o jeitinho
brasileiro, arquitetaram um plano, a Rainha e seu esposo concordaram com as
ideias e os disfarces, e assim foi feito, conseguindo que visitassem vários
lugares históricos e pitorescos, terminando no Mercado Modelo, onde a Realeza,
sentindo aquele cheio imbatível que o acarajé desprende ao estar sendo frito,
resolveram experimentar a iguaria mais típica, gostosa e representativa da
Bahia. Dirigiram-se a uma alinhada baiana, vestida a caráter, com todos babados
e muito mais balagandãns, tendo na cabeça um deslumbrante e exagerado turbante
com um tecido cheio de cores, dando um toque geral de uma Rainha Africana,
embora sua pele fosse morena. Mesmo sem saber quem eram seus fregueses, levantou-se
e, fazendo mesuras, pegou duas fitas do Senhor do Bonfim e as amarrou nos
pulsos dos disfarçados reais visitantes que, sem entenderem nada, deram aquele
tradicional sorriso amarelo, típico dos ingleses. Logo o guia da Bahiatursa deu
uma explicação sobre o alimento, falou do ardor apimentado, que, ambos
sugeriram que fosse colocado o mínimo possível de pimenta, apenasm para não
tirar a característica da iguaria. Com sorrido e atenções ele falou para a
baiana, que cheia de trejeitos exagerados de frescuras, mexia revirava os acarajés
no taxo de azeite fervendo, como o mesmo fazia com a bunda, por baixo de sua
saia rendada, que cobria uma dúzia de anáguas. O guia tradutor sempre
respondendo às perguntas feitas, e a Rainha, depois de experimentar o acarajé,
achou uma maravilha, assim como o Príncipe, inclusive solicitando que fossem
embalados alguns, para levar para seus séquitos serviçais, que os acompanhavam
na viagem, mas, nessa saída furtiva, somente eles foram, para evitar
aglomeração e desconfianças.
A
partir daí foi que começou a fantástica aventura de Fernanda de Oxalá, pois, no
dia seguinte, mesmo acometidos da maior “caganeira” de suas vidas, resolveram
convidar a famosa baiana para ir com a comitiva para Londres, onde poderia dar
cursos das diversas iguarias baianas e brasileiras, além de montar uma casa
luxuosa para, não só atender a família da Realeza, como também a aristocracia
britânica. Fernanda de Oxalá foi apanhada pelo carro oficial em Amaralina,
levada para o palácio de Ondina, onde estavam hospedados os representes
ingleses.
Lá
chegando, foi logo recebida pela Rainha, que sem preâmbulos, falou através do
interprete o que desejava e, assim que ouviu a proposta, a baiana começou a
chorar, pois, pelo sua condição sexual, talvez a Rainha não aceitasse leva-la.
Aí, tomando coragem, disse ao guia brasileiro: Explique a ela que eu sou trans,
transviado, sou assim desde menino em minha cidade do sul da Bahia, que meus
coleguinhas me davam, pião, bolas de gude, merendas e outras coisas, e eu só
tinha de dar a bunda para eles. Eu passei a achar ótimo e uma delícia, e nunca
mais deixei de fazer isso por prazer. E para que ela me leve, terá que levar também
meu marido atual, que é um negão tão volumoso quanto maravilhoso, que por nada
nesse mundo eu o abandonaria. O tradutor assustado com a confissão, ficou
titubeando sem saber como passar essa notícia esquisita e terrível a Rainha. E,
depois de pensar e não achando um rodeio para poder explicar, foi direto
dizendo: Sua Majestade a baiana é gay desde criança, está louca para ir, mas, a
senhora terá que levar também o marido dele, que é um negão do Olodum, Veja aí
o que a senhora vai decidir!
A
rainha, saindo da rigidez dos comportamentos e protocolos reais, deu uma enorme
gargalhada, dizendo logo que a burocracia britânica era uma farsa milenar, que
a sacanagem lá era super livre e rolava numa boa, apenas, discretamente, porém,
tremendamente atuante dentro das quatro paredes, onde vale tudo!
Fernanda
de Oxalá quase desmaia de emoção, beijou as mãos da Rainha e, dois dias depois
seguiu com seu amor Zecão Tripé de Ogum, que é um exímio percursionista, e
segundo Fernanda, tem uma “Baqueta” pra ninguém botar defeito!
Atualmente,
Fernanda de Oxalá, mudou seu nome para Drag Queem de Iansã, tem um restaurante
finíssimo e casa de shows em Londres, onde são servidos acarajés com recheios
de caviar, pasteis de lagostas e paté de foir gras, além de outras iguarias,
tanto brasileiras como internacionais!
Seu
nome é conhecido na Europa, está rica, ainda continua com Zecão Tripé de Ogum,
que tem uma banda tipo Timbalada, porém, Fernanda que é insaciável, faz algumas
escondidas traições quando faz shows em vários países da Europa, imitando
Carmem Miranda, com o espetáculo de nome “O Tabuleiro da Baiana Tem....!” Segundo
dizem, quando está sendo possuído, na hora do orgasmo fala com a maior louvação,
o mundialmente conhecido slogan britânico: “Deus Salve a Rainha!”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de
Letras!
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