Antonio Nunes de Souza*
Conviver
com uma série de problemas, mesmo numa cidade pequena ou porte médio é,
relativamente, normal. Mas, quando esses problemas extrapolam chegando ao
absurdo, passamos a enfrentar as situações num verdadeiro estado de pânico e
terror, nos causando sensações físicas e psíquicas muitas vezes irreparáveis!
Dentre
os problemas enfrentados, podemos destacar, sem que seja pela ordem de
importância (pois todos são importantíssimos), a poluição sonora com centenas
de carros desfilando pelas ruas disputando suas capacidades de decibéis,
anunciando comerciais e eventos artísticos. Visualmente somos massacrados com
cartazes, faixas, outdoor, pichações, placas, etc., colocados em todos os
lugares vagos e até usando os monumentos públicos como apoio. Os ataques de
rapazes e moças em todas as ruas, avenidas e esquinas nos entregando quase apulso
seus panfletos e folders sugerindo visita, ao ponto de você andando apenas um
quarteirão, chegar ao destino com vários quilos de papel, inclusive andar num
mar de papel amassado ou picado, provocado por aqueles que recebem e, logo em
seguida, rasgam e jogam nas calçadas como se fosse um ato normalíssimo.
Enfrentar
o trânsito, tanto na condição de transeunte como motorista, os riscos são,
infelizmente, iguais. No primeiro caso o perigo é assustador, pois, além de
você ter que ficar super atento com os carros, que parecem que ficam nas
esquinas esperando a gente colocar o pé na faixa para correr e nos atropelar,
ainda temos os famigerados e irresponsáveis motoqueiros ou motociclistas como
eles gostam que os chamem que, sem a mínima cerimônia, invadem os sinais, saem
fazendo zig-zags no meio dos carros, muitas vezes quebrando os espelhos
retrovisores, seguindo sem dar a menor satisfação. No segundo caso, geralmente
o trânsito está lento, ruas esburacadas, semáforos com defeito, motoristas
grosseiros buzinando e xingando, pedintes invadindo pelas janelas, flanelinha
lavando com uma água imunda seu para-brisa, meninos vendendo bombons ou
chicletes, deixando você tenso e assustado, mesmo fechados os vidros a imagem
de fora é assustadora. E, ao chegar ao seu destino, se foi andando chega como
mais um sobrevivente, pois, conseguiu cruzar com tudo isso e chegar inteiro e
consciente. Mas, se você caiu na bobagem ou necessidade de ir de carro e nada
lhe aconteceu, prepare-se para enfrentar a falta de vagas para estacionar, ter
que lidar com um mal encarado homem que se acha o dono da rua que, além de
cobrar uma barbaridade pelo seu serviço (?), coloca seu carro em locais
proibidos, alegando que não haverá problemas. Isso depois de você dar algumas
voltas nos quarteirões até surgir uma dessas grotescas vagas!
Já
se sentindo bastante aliviado por ter chegado ao banco, tenta entrar três vezes
e é travado pela porta automática (uma por causa de celular, outra por uma penca
de chaves e a terceira pela fivela do cinto. Lógico que isso lhe deixa P da
vida e lhe tira o humor, se é que você ainda cultiva algum. Com a cabeça
girando como uma maçaneta e o coração palpitando mais do que uma pipoqueira,
você entra numa grande fila do caixa, rezando para que não apareça uma
quadrilha atirando e pegue seu depósito antes de você receber seu comprovante,
pois, somente assim você não será prejudicado. Isso se tiver a sorte grande de
não ser atingido por uma bala perdida, ou o ladrão não querer apenas testar o
revólver novo dando uns tiros em seu corpo. Geralmente eles preferem nas
cabeças. Entretanto, se você foi sacar alguma quantia, sua tranquilidade nem de
longe começou, pois, estará passivo de uma “saidinha bancária”, daquelas que hoje
eles nem titubeiam em lhe arrancar qualquer quantia e seu celular, não
importando quanto e, para não lhe deixar zangado e triste, preferem matá-lo com
uma carga de balas como se tivessem lhe fazendo um favor!
Aí,
depois de duas horas e atravessar todos esses problemas sem que nada tenha lhe
acontecido, volta e encontra seu veículo com uma multa presa no limpador e
ninguém tomando conta. Não se zangue não meu filho, agradeça a Deus o carro não
ter sido roubado. Então, começa a volta para casa, enfrentando os mesmos problemas
da vinda, encontrando nesse retorno alguns malabaristas nos sinais também
querendo alguma grana. Chega ao seu edifício, abre o portão automático, entra,
pára em sua vaga e sobe o elevador com cautela, pois, mesmo com o silêncio
existente, quem sabe se não está havendo um arrastão nos andares?
Com
essa situação precária e horrível, precisamos, novamente, aprender a viver,
respeitando uns aos outros e dando atenções aos valores antigos conquistados
através do tempo. Precisamos entender que esses comportamentos não são
benéficos para ninguém e, literalmente, todos sofremos com as conseqüências!
Presumo
que, uma rigorosa e eficaz aplicação na educação, seja a solução para que
tenhamos uma melhor qualidade de vida!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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