segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

O COMEDOR INVETERADO! (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Pode parecer um exagero da minha parte, mas, quando vocês lerem a história de um rapaz que conheci no passado, com características incríveis e fora dos padrões da época, creio que entenderão. Pois, não é sobre comedor de alimentação que vou falar, e sim de sexo, que era algo sigiloso e pecaminoso ao mesmo tempo, e naquele tempo!

Pois é meus amigos, Milton era um voraz praticante de sexo, não olhando nem dando valores diferenciados aos gêneros. Tanto podia ser homem como mulher, ele não se inibia e transava ativamente e tranquilamente, saciando seus ímpetos e desejos. Pois, no passado, havia um certo diferencial, e somente era “viado” o passivo. O ativo era até elogiado e gratificado pelo seu desempenho. Não sei como ele conseguia tantas conquistas, mas, sem querer elogiá-lo, diziam que tinha um pênis enorme, e ele sabia usar com destreza e capricho, deixando as “vítimas” felizes, saciadas e cheias de alegrias!

Com o passar do tempo, não sei se por pressão dos gays (não existia essa denominação e o usual era “viado” mesmo), passou-se a considerar todos como homossexuais, sem que houvesse menor ou maior pecado, entre quem dava ou quem comia. Ambos eram denominados, como hoje de gays, ou uma série de titularidades ridículas e desagradáveis. Mas, para alegria de todos dessa vertente (masculinos e femininos), já existe leis, direitos, maiores respeitos, e uma discriminação menos acentuada que no passado.

Porém com essa conjunção de titularidade sexual, Milton ficou meio cabreiro, com um pouco de vergonha e, sem pestanejar, mudou-se de cidade, foi para bem longe, no sentido de preservar sua fama de comedor, também masculino, e não ser taxado como gay. Se fosse hoje, com certeza seria apelidado de “virose”, pois, quem ele desejava, levava logo para cama!

Mas, na outra cidade que foi, não deixou de lado seu furor, atirando em todas as direções, não desprezando a parte masculina, que na verdade, era uma grande maioria e rendia-lhe bons e ótimos presentes.

Passados muitos anos, estando eu num shopping de Salvador, vi uma figura um tanto chamativa e, olhando com atenção vi que tratava-se de Milton, já com características envelhecidas. Aproximei-me e me identifiquei, ele lembrou-se logo de mim e disse: Querido, que alegria ver alguém do meu tempo de juventude, Estou super feliz aqui, morando com um rapaz maravilhoso, pela minha idade já não sou aquele comedor de outrora, e dedico-me a simplesmente, dar. Sigo a oração de são Francisco: “É dando que se recebe”. E recebo meu homem com amor e afeto! Falou isso sorrindo e bem naturalmente.

Conversamos um pouco, pois, nada tínhamos de mais profundo para dizer, apenas que, de grande comedor no passado, Milton passou a ser um recebedor convicto e feliz!

Nos despedimos e na saída, ele me disse com segurança e alegria: Era impossível para mim sair da sacanagem!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

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