Antonio Nunes de Souza*
Desde
minha infância, que vejo e ouço os mais velhos se manifestarem com rigorosidades,
quando alguém empregava um nome considerado “feio”. Lembro-me, muito puto da
vida, que com sete anos, estava na mesa almoçando, e ouvimos uma gritalhada na
rua. Eu curioso, levantei e fui na janela ver o que era, aí um homem falou para
outro, que estava tendo “porrada” no bar. Eu voltei, aí me perguntaram: O que é
que está havendo?
E
eu, inocentemente, disse: É porrada!
Aí,
mais que depressa, meu avô me tacou a mão na boca, dizendo: Seu moleque, se
respeite!
E
eu, sem saber nem o que significava, tornei a repetir: É verdade, sim, o homem
falou alto que é porrada. Aí, injustamente, tomei outro tapa na cabeça, mandado
sair da mesa, e meu avô dizendo: Não sei onde esse menino aprendeu a xingar
tantos nomes feios. Depois de anos é que cheguei a saber, porque tinha
apanhado. Apenas por uma palavra derivada de “porra”, que significa pancada,
que era dada por uma antiga arma de ferro, usada nas guerras, com esse curioso e
estranho nome. Atualmente essa palavra é ridícula, usada até nas salas de aula
pelas professoras!
O
fato real é que, com a liberdade de expressão, que até “fake News” tem um enorme
espaço nas redes, muitos desses nomes, passaram a ser considerados, advérbios
quantitativos e qualitativos, no sentido de dar maiores ênfases nas colocações
verbais, quando nos referimos a intensidade de um fato que estamos narrando!
Para
não me alongar muito, pois, esse assunto é de uma vastidão imensa, vou me ater
apenas, as referências ao ato desagradável cruel, denominado de azar!
Quando
o indivíduo dá um simples azar, é uma besteirinha qualquer que ocorreu, porém,
se acorreu algum problema, passa a ser um azar retado, aí, se houve prejuízos e
ferimentos, claro que passou a ser um azar da porra, no entanto, por ironia do
destino, aconteça óbito de algum dos participantes, torna-se, imediatamente, em
um azar do caralho. E quando o azar é enquadrado em todas essas partes, lógico
que passa a ser denominado de um azar filho da puta, que fodeu com meio mundo, mandando
todos para a casa do caralho. Vejam vocês, que apenas estamos querendo,
minuciosamente e com detalhes, dizer e informar a gravidade do fato!
Porém,
curiosamente, e para provar que essas adjetivações transformadas em advérbios,
são quantitativos e qualitativos, que, com relação a sorte, você, literalmente,
para ser também detalhista, usará, exatamente, os mesmos: Sorte, sorte retada, sorte
da porra, etc., etc, etc., sendo que essas colocações atualmente, são mais
aceitas, sem aquelas entortadas de nariz do passado, nem as idiotas e tolas
condenações do presente!
Uma
palavra que no meu tempo significava “putaria”, hoje, “sacanagem”, passou a
ser, simplesmente, brincadeira, gozação, etc., usada até pelas freiras, padres
e pastores nas suas liturgias!
Tudo
isso me deixa feliz, pois, assim sendo, as máscaras de hipocrisias sociais vão
caindo progressivamente, tendo que encarar uma realidade claríssima no mundo
atual, e que não existem palavras feias, feias são as faltas de solidariedades
humanas e os brutais preconceitos étnicos e sociais!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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