Antonio Nunes de Souza*
Como
o povo brasileiro, principalmente o nordestino, é adepto fervoroso dos
deliciosos forrós de S. João e S. Pedro, já faltando apenas dias para os
festejos, todos já estão preparando suas suntuosas e mirabolantes quadrilhas, contratando
suas bandas, trios, sanfoneiros, além de outros ritmos estranhos a festa, para
que suas cidades e comunidades brilhem, e ofereçam aos turistas e nativos,
grandes e inesquecíveis comemorações!
Inegavelmente,
talvez seja a festa mais simpática, divertida com humildade, onde sente-se e
percebe-se uma grande confraternização sem lidar com os preconceitos sociais
habituais nas outras. As misturas são benéficas, pois, todos se vestem com
roupas simples, caracteristicamente com caipiras e antigos matutos denominados
de “tabaréus”, mostrando no geral uma igualdade que faz gosto, divertindo com
muita alegria!
Pena
que hoje, pelos crescimentos das cidades, trânsito, postes e fiações, não é
mais possível se ver em cada porta de casa, uma fogueira com suas brasas e labaredas,
assando milhos, batatas doces e esquentando os corpos daqueles que delas se
cercavam. Pular fogueira e se tornar compadre e comadre era uma beleza. E,
muitas vezes era uma maneira singela de se começar um namoro!
Os
fogos eram lindamente coloridos, os foguetórios sempre assoviando no céu, os
pistolões a pipocar sem parar, as crianças brincando com “chuvinhas e
cobrinhas”, enquanto as moças se divertiam soltando “rodinhas ou pistolas com
balas coloridas”. Alguns pistolões com chuvas de estrelas coloridas, que
enfeitavam o céu com suas explosões de lágrimas!
Não
podia faltar, em nenhuma hipótese, a soltura de alguns balões de pequenos
tamanhos e menos perigosos, que os monstrengo atuais, que saiam singrando pelo
céu, alcançando alturas de porte médio, e quando apagavam suas pequenas buchas
e começavam a cair, a meninada corria para procurá-los nos quintais das casas
ou nas ruas adjacentes, para que fossem reenviados aos céus.
Tudo
isso era visto com harmonia, alegria e naturalidade, e a abrangência e sorrisos
dos namorados, pais, avós até os pequeninos netinhos!
Deixei
transparecer umas lembranças nostálgicas que, com certeza, jamais abandonarão a
minha velha mente, pois trata-se de uma festa altamente memorável e cheia de
encantos!
Vamos
continuar nossas comemorações folclóricas e tradicionais, todos com os olhos
brilhando de satisfação, dançando os forrós quer seja o de pé de serra, como os
universitários. O importante é sentir os requebrados das cadeiras das meninas,
a esfregação que faz parte da coreografia e, se possível, depois de um
licorzinho de jenipapo, possa fazer as coisas esquentarem mais os desejos
ardentes como as antigas labaredas das nossas aconchegantes fogueiras!
Feliz
São João minha gente querida! Não esquecendo que, daqui há alguns dias será a
vez do amado e velho São Pedro, o padroeiro das viúvas!
Não
podemos deixar de salientar as vastas mesas cobertas de quitutes deliciosos nas
bases do milho, amendoim torrado e cozido, laranjas, licores diversos batatas
doces, queijos, cuscuz, mingaus, nos alimentando até o sol raiar. Quem é do
interior, ainda tem esse glorioso privilégio!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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