Antonio Nunes de Souza*
Fixei
os meus olhos na vidraça da janela, procurando encontrar nas gotas que batiam
fortemente, alguns desenhos formados pelos respingos que espalhavam e escorriam,
devido a forte chuva que caía naquele momento. As imagens formadas eram
disformes, mas, refletiam exatamente as coisas confusas que estavam estampadas
em minha mente!
Ao mesmo
tempo em que via a silhueta de uma mulher, imediatamente outro pingo escorria e
formava uma paisagem esquisita e disforme, sem que desse tempo para que eu
imaginasse o que seria. O fato é que tudo tinha algum sentido nos meus
pensamentos, pois, às vezes, eu vislumbrava a figura que gostaria que ali
estivesse. Lógico que se tratava do desejo do meu corpo e da minha imaginação,
ver ou estar com alguém que, naquele momento, faria minha felicidade com seus
carinhos e o calor do seu desejo recíproco!
Fechei os olhos
deixando de lado o traçado da embaçada janela, para refletir com mais precisão,
o que na verdade seria bom para mim ou se o meu desejo era algo simplesmente
momentâneo, e sem a importância real que estava dando a tal fato. Senti que não
era momentâneo, e que realmente tinha uma importância muito grande para minha
satisfação afetiva, física e pessoal. Descobri que certas coisas acontecem
inesperadamente, sem que tenhamos tempo de analisar ou separar o certo do
errado!
Aliás, o que é o
certo ou errado? Ambos têm finalidades
específicas para que possamos faze-los, sentindo os prazeres que eles possam
oferecer, sempre com a convicção de que poderá ser até errado, mas, fizemos
porque achamos que seria certo fazer naquele momento de desejo mútuo, deixando
para analisar posteriormente. A conceituação do certo ou errado é de uma
banalidade tão grande que, muitas vezes, optamos pelo errado com a convicção de
que estamos agindo certo. Desta forma, jamais devemos prejulgar nossas
atitudes, somente para refrear nossos instintos, baseando-se nos preconceitos
de uma sociedade hipócrita e cheia de falsos pudores, que vem proclamando-se ao
longo dos tempos, como a dona da verdade absoluta. Graças a Deus, vejo
diariamente a quebra de centenas de tabus, que são desmistificados pela coragem
daqueles que descobrem a tempo, que nós é que sabemos o que é melhor para
nossas vidas. As únicas coisas que realmente nos pertencem são nossos corpos,
nossas almas, nossas vontades, em fim, a nossa própria vida. E esta devemos
usa-la da forma que mais nos dê prazeres, alegrias, felicidade e a convicção de
ter vivido intensamente cada oportunidade que nos aparece!
Eu reputo a
dúvida como uma coisa diabólica, pois ela, estupidamente, só nos faz perder
tempo, oportunidades e nos trazer arrependimentos futuros, rindo da nossa
infantilidade por ter dado mais valor as opiniões alheias do que aos nossos
desejos e instintos!
Adormeci com
esses pensamentos regando a mente, fazendo com que minha coragem ficasse cada
vez mais impetuosa, para que meus desejos sejam triplicados, tornando-me como
sempre, um batalhador e guerreiro para continuar lutando pelos meus intentos.
Ao mesmo tempo, senti pena das pessoas que se deixam travar com seus
pensamentos preconceituosos, reprimindo seus desejos visivelmente aflorados,
baseando-se num manual ultrapassado e tolo, esquecendo-se que, infelizmente, o
tempo jamais volta atrás!
Deixe para
arrepender-se do que não fez, pois, o que você fez, mesmo errado, quando fez
foi uma maravilha!
*Escritor, Historiador,
Cronista e Poeta!
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