Antonio Nunes de Souza*
Reconheço
que a vinda dos negros para o Brasil, mesmo não sendo por espontânea vontade,
estupidamente maus tratados pelos colonizadores, vivendo em aposentos dos mais
infames possíveis, com suas valentias e força de guerreiros sadios, ajudaram a
construir o nosso país, e muitos outros no mundo!
Então...entre
outras coisas importantes que trouxeram em suas mentes e bagagens, hábitos e
tradições hoje fortificadas e já enraizadas aos nossos costumes e calendários
turísticos, temos que reconhecer, de joelhos, as suas iguarias, muitas criadas
em nosso território, com os aproveitamentos que lhes eram destinados e,
magicamente, graças aos seus temperos e habilidades, transformavam tudo em
pratos deliciosos!
Conhecida,
mundialmente, a cozinha baiana inegavelmente deixa qualquer ser humano de água
na boca, inclusive ampliando o turismo, que nos retornos levam saudosos nossas
sagradas e saborosas receitas da mística e deliciosa cozinha!
Fiz
esse texto totalmente sucinto com relação a um assunto longo, importante e belo
da nossa história, que somente cabe em alguns livros e antologias. Minha
intensão primordial é ressaltar uma das iguarias que, em nossa terra, que não é
a prometida, faz não só os nativos babarem de prazer, como deixar os turistas
que aqui aportam fascinados com a gostosura! Claro que estou me referindo ao
nosso bendito e delicioso ACARAJÉ! Esse é, sem dúvida, o Rei dos tabuleiros das
baianas que, ao lado do seu irmão ABARÁ, enche nossos olhos e a barriga, acompanhado
por uma gostosa e gelada cervejinha. De tão “retado de gostoso, já é
considerado patrimônio imaterial!
Como
disse acima, as iguarias afro-baianas, já que temos o privilégio de ser a maior
colônia de negros do Brasil, são preservadas com cuidados para que não sejam
deturpadas com variações grosseiras, ou fora do contesto culinário!
Obrigado,
mais uma vez África, por ter sido generosa nas suas heranças, perpetuando seus
orgulhosos trabalhos, e nos passando suas sabedorias na área da alimentação!
Tenho
que confessar que, como bom baiano, logo que acabei de escrever essa pequena
crônica, peguei o meu carro, fui ao largo do Rio vermelho e, com a maior gula
pedi: Me traz um acarajé com tudo que tenho direito e uma cervejinha gelada!
E,
como não sou de ferro, comecei a degustar minha iguaria, beber minha “loura
suada”, e apreciar o desfile das bonitas e saradas mulatas da face da terra!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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