Antonio Nunes de Souza*
Nascer
preta nesse país preconceituoso é uma merda. E se for pobre é outra tragédia, e
imagine ainda ser filha de pai desconhecido? Esse trio de desacerto é,
literalmente, foda!
Essa
pessoa que me refiro é Raianna Lucienne dos Santos. Nome que sua mãe viu numa
novela da filha do milionário e, prontamente, colocou na sua bonequinha de
ébano, gravidez pegadas nas noites de pagode nas lajes do morro. Como tinha
muitos parceiros, até hoje não sabe quem a inseminou, já que naquelas bandas,
camisinha é artigo de luxo! Mesmo com seu nome sofisticado, como acontece
sempre no morro, todos tem seus apelidos, e de Raianna, passou ser Rai ou
Rainha, não pela realeza, e sim por ser pequenininha ainda!
Pelo
costume, mesmo crescida, continuou sendo chamada de Rainha, sendo que, já com
quinze anos, era uma mulheraça pra ninguém botar defeito. Seu corpo perfeito
nas curvas, seios empinadíssimos, e uma bunda de tão proeminente e arredondada,
quando nua no banho, parecia um lindo eclipse lunar, de tão fascinante e bela
que era!
Não
é novidade que as mulheres bonitas, mesmo ainda jovens, despertam logo os
desejos dos mandachuvas milicianos e traficantes, e com ela não foi diferente.
João Boca de Fumo, traficante especializado somente em maconha, deu logo em cima
através da mãe, e esta pensando em um encosto para parar de lavar roupa de
ganho, ajeitou um encontro dos dois, aconselhou a ela que fosse gentil que ele
era gente boa, etc., e Rainha por sua vez, não titubeou em aceitar, já pensando
em ser a “rainha” de verdade, já que ele era o rei da droga fumante!
Resultado
é que ela e a mãe passaram a morar na casa luxuosa do bandido, ela ajudando nas
anotações das distribuições, e a mãe nas arrumações, até que a casa caiu, numa
briga entre facções, por azar, seu amado protetor foi morto sem piedade pelo
traficante Diabo Louro, ficando este com o domínio do morro!
Mas,
pensam que Rainha se deu mal? Nadinha mermão! Ela gostosíssima, com dezessete
anos, Diabo Louro gamou logo e, tranquilamente, tomou-a como sua amante, já que
tinha outra, deixando-a na casa que morava, bancando suas despesas e indo “dar
umas” eventualmente!
Algumas
vezes essas coisas acontecem diferentes para melhor com outras famílias, mas,
esse exemplo é o mais comum acontecer nas entranhadas favelas desse mundo,
graças ao desnível social e os desmandos governamentais na educação pública!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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