Antonio Nunes de Souza*
Normalmente a pergunta acima é muitíssima repetida no dia a dia, quando encontramos com amigos, que não temos mais os privilégios de vê-los, continuadamente, como no passado. Uma coisa deve ter acontecido: as cidades cresceram muito, ou nós ficamos pequeninos com o tempo e a idade!
Durante toda minha vida, com cuidado e perspicácia, consegui colecionar uma enormidade de amigos qualificados, normalmente, nos víamos quase que diariamente, e hoje, com a loucura que é o trânsito, os trabalhos super diversificados e outros detalhes, principalmente a batalha para o pão de cada dia, infelizmente, passei a encontrar essas pessoas, ultra eventualmente, com encontros furtivos e rápidos, que nem dão para atualizarmos as notícias, nem tão pouco matar as grandes saudades!
Então...ao ouvirmos a pergunta de praxe acima descrita, temos apenas a rápida oportunidade de responder: “Vou bem obrigado!”, sem que tenhamos a ousadia de querer contar lamúrias sobre saúde, finanças, etc., pois, nosso amigo, também apressado e com seus problemas, dispensam ouvir lamentações, como eram ditas no passado, e tínhamos vários ombros amigos para nossa ladainha. Que nós, as vezes, aumentava e enfeitava para que tivessem peninha de nós!
Tenho um amigo querido que, por diversas vezes, tem me chamado a atenção sobre alguns dos meus textos eu estar muito nostálgico. Mas, é natural e comum que assim seja, pois, como seres humanos e cheios de sentimentos, e que já conviveu e viveu mais de um terço de centenário, rememore seus pensamentos e coisas que o tempo não pode mais fazer voltar! São, sinceramente, nossas queridas e doces lembranças, que os jovens de hoje não carregarão na memória, pois, suas convivências atualmente é de festas, eventos monstruosos, requebrados de bundas, centenas de coreografias exóticas e afrodisíacas. Nas artes, deixando muito a deseja, principalmente na música e na poesia, pois não tiveram nosso privilégio de desfrutar Jobim, Caymi, Sinatra, Nat King Cole, Ray Charles, Caruso, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento e outras feras inesquecíveis para nós, principalmente os cinquentões de carreira Caetano, Gil, Bethânia, Djavan, Paulinho da Viola, Toquinho que, graças Deus, ainda estão super evidentes. As músicas perpetuadas, juntamente com suas composições poéticas, continuam fortes na mídia, lutando acirradamente, para combater as horrorosas discografias atuais, principalmente as enxurradas de sertanejas e uma tal de sofrência que, na verdade, quem sofre é que tem o azar de ouvir!
Assim sendo, com esse corre/corre infeliz, quando me bato com um velho, ou até novo amigo, que pergunta:” Como vai você?” Eu, humildemente, apenas tenho a chance de responder: “Eu vou bem, obrigado!”
O progresso é maravilhoso. Mas, o passado é, literalmente, inesquecível!
*Escritor–Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letra – AGRAL