Antonio
Nunes de Souza*
O
sonho de todo brasileiro é ter a felicidade de ganhar na mega sena, quina, ou
outras das loterias que a Caixa proporciona semanalmente!
E
eu não sou e nunca fui diferente. Sempre fiz uma apostinha semanal, como todos,
com o desejo e expectativa de dar a sorte de ser agraciado!
Pois,
aconteceu comigo. Ganhei um prêmio invejável. Fiquei como um abestalhado
sorrindo para as paredes, preocupado se diria a alguém, pois, não queria enxame
de repórteres em minha porta, ou no meu trabalho de frentista no melhor posto
da cidade. Aliás, pensei logo em pedir a conta, depois pensei em comprar o
posto, mas, tantas eram as ideias que vinham em minha cabeça que já estava meio
atordoado sem, na verdade, saber o que fazer!
Já
era noite, fui para frente da televisão e poucos minutos, anunciaram no fantástico
que o prêmio especial havia saído para uma única pessoa de Itabuna, cujo valor
era de 136 milhões de reais. Dei um sorriso sem graça e peguei no bolso o
bilhete para voltar a conferir: 07 – 21 – 25 – 34 – 51 – 56. Bateu tudo
direitinho como eu escolhi na sexta feira!
Estava
me sentindo cansado, mas a euforia de ter ganho tanto dinheiro, não me dava
sono. E claro que passei a noite cochilando e acordando, já com a decisão na
segunda, as dez horas, que abre a Caixa, ir sozinho sem comunicar nada a
ninguém, já que meu horário de trabalho era de doze as dezoito horas, pedir
segredo ao gerente, apresentar meu boleto, colocar o dinheiro na poupança,
abrir uma conta com cartão de crédito e, logo em seguida ir ao trabalho pedir
minha demissão!
Depois
veria o que ia fazer, já que não tinha experiência de ligar com dinheiro,
principalmente um grana enorme dessa. Pela manhã levantei-me cedo e fiquei a
espera da hora da abertura da caixa. Parecia que nunca dava dez horas, mas, o
tempo passou e, dez para as dez, ele saí de casa indo em direção da caixa, pelo
caminho cumprimentando todos já que era bastante conhecido como Zé do Posto.
Com a mão no bolso segurando o bilhete, sentia-me na maior felicidade, porém,
ao atravessa a rua, um caminhão em disparada me atropelou, jogando-me contra o meio-fio,
onde bati a cabeça fraturando o crânio e, consequentemente, morri sem que
tivesse a oportunidade de receber ajuda médica quando o SAMU chegou!
Avisaram
ao meu patrão de mais de dez anos e ele veio imediatamente, mandou cuidar de
mim com a máxima presteza, tirar aquelas roupas ensanguentadas e jogar fora,
meu bilhete no bolso, foi para o lixo e eu fui enterrado com meu segredo e sem
ter recebido merda nenhuma!
Até
hoje tem um alvoroço na cidade, pois ninguém sabe quem foi o ganhador, nunca
apareceu na caixa e o prêmio foi para as casas pias e asilos.
Hoje,
estou aqui no céu, trabalhando num posto de Água Benta para abastecer os anjos,
São Pedro me confidenciou que estava prevista a minha morte, mas, o senhor, por
eu ser uma pessoa boa, quis me dar a sensação de dinheiro e poder, antes de me
levar!
Sinceramente,
confio e tenho muita fé Nele, mas, fazer essa pegadinha comigo foi uma sacanagem santificada!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-Historiador-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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