Antonio
Nunes de Souza*
Pela
titularidade, presume-me imediatamente que trata-se de alguém bissexual, mas, a
verdade é que nasci gêmeos e eu me chamo Raphael e meu irmão Lúcio.
Considero-me bi em função de sermos, literalmente, iguais, sem a mínima diferença
que seja. Então... esse bi significa uma dualidade de pessoas, que já
aproveitamos desde criança para tirar certas vantagens, já que até nossos pais
nos confundem até hoje, quando já temos 25 anos de idade!
Na
escola então, como estudávamos em colégios diferentes, cansamos de um ir fazer
prova, ou frequência no lugar do outro, dependendo da matéria que um fosse
melhor!
Com
namoradas então, tirávamos o maior sarro, um indo um dia dar o maior “trato” e,
no dia seguinte, o outro ia se fartar de prazeres. Era uma situação divertida e
prazerosa, até que aconteceu uma coisa inusitada, que vou contar a seguir:
Arranjei
uma namorada linda de nome Martha, mulher bonita, de classe, inteligente e um
simpatia de pessoa. Em princípio, como fazíamos sempre, nós dois revezávamos
eventualmente, um dando canja para o outro. Porém, como ela era maravilhosa de
cama e mesa, uma vez que fazia iguarias deliciosas, terminei me apaixonando e,
não quis mais a divisão, falando com Lúcio que agora estava querendo namorar
sério com minha querida!
Aí
foi que aconteceu merda toda, pois, com as boas qualidades, Martha deixou Lúcio
também completamente apaixonado. Ele nada me disse, porém, também estava
completamente vidrado na minha querida.
Passei
a namorar quase que diariamente com minha amada, pensando em casar, ou morar
juntos no fim do ano, já que me formaria em dentista, assim como Lúcio também!
Desconhecia
que meu irmão traiçoeiramente, quando eu não ia ver Martha, ele se aproveitava
e ia em meu lugar desfrutar os afagos da minha amada. Ela, sem perceber, o
recebia com o maior carinho como se fosse eu.
Até
que um dia, eu tinha que viajar para São Paulo para passar dois dias e, sem pestanejar,
Lúcio calado pensou em aproveitar com mais folga os prazeres com Martha. E,
assim que saí para o aeroporto, ele ligou para ela dizendo que tinha perdido o
avião e que iria direto vê-la para dar uma passeio!
E,
curiosamente, pelas ironias do destino, eu perdi o meu voo e resolvi fazer uma
surpresa para Martha!
Quando
eu fui chegando de táxi, me deparei com os dois abraçados saindo do elevador.
Martha ainda abobalhada disse: Meu amor seu irmão Lúcio está chegando aí, será
alguma coisa?
Avancei
na goela dele querendo esganá-lo. Ele me deu um murro, entramos numa luta
corporal violenta, as pessoas do edifício e passantes da rua entraram para
desapartar. E a pobre Martha até então não estava entendendo porra nenhuma,
imaginando que fosse algum problema entre nós, não sabendo a quem consolar, já
que éramos iguais.
Lúcio
foi embora, eu expliquei a Martha o que tinha se passado, ela ficou mortificada
e com vergonha, mas, tentei acalmá-la e disse que ela nada tinha de culpada. Fiquei
de mal algum tempo com Lúcio, Martha foi para um psicólogo fazer análise, eu
também e Lúcio, como estava arrependido do que tinha feito, também resolveu
fazer sessões de analises para colocar a mente no lugar!
O
fato é que as coisas acabaram de uma maneira inusitada, pois, depois dos
tratamentos e elucidações dos motivos, resolvemos, a conselho de Martha e dos
médicos que os três se unissem já que se amavam perdidamente.
E
foi o que aconteceu no final do ano depois das nossas formaturas! Alugamos um
apartamento legal e nós três nos mudamos. Em princípio havia um certo pudor,
mas, com o passar do temo a situação passou a ser normalíssima!
Hoje,
passados oito anos de vida a três, temos dois filhos que pertences a nós três,
somos super felizes, todos que nos conhece ficam pasmos e de bocas abertas,
pois, nessa “vida louca” que vivemos, tudo passou a ser natural!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogsport.com
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