*Antonio Nunes de Souza
-Meu
filho eu quero entregar a Deus! Essas
eram as palavras que D. Maria sempre repetia para suas amigas e familiares,
derramando um olhar de meiguice para Luizinho.
Devido
um problema genético que impedia sua gravidez, Maria fizera uma promessa que,
caso conseguisse ter um filho, este seria entregue a Deus na profissão
sacerdotal. E, como um verdadeiro milagre, após todos os desenganos da
medicina, um belo dia ela começou a ter tonturas e náuseas e não deu outra. Fez
um exame e constatou que estava grávida.
Não
precisa dizer que foi o maior carnaval de alegria no seio familiar e, mais que
depressa, foram logo a igreja comunicar o fato ao sacerdote, encomendando logo
uma missa festiva em agradecimento a dádiva que acabara de ser agraciada.
Luizinho
coitado, mesmo sem demonstrar nenhuma vocação para ministro religioso, obedecia
religiosamente às determinações da mãe, indo à missa diariamente e já ajudava
ao Padre Marcos na celebração, sendo elogiado como um ótimo e dedicado
coroinha. Mas, no fundo do seu coração, aquela idéia materna ia de encontro aos
seus desejos, suscitando uma dúvida atroz em sua cabeça.
Ao
completar 14 anos, sua mãe encaminhou uma carta ao bispo solicitando uma vaga
no seminário, para que Luizinho lá concluísse o segundo grau e seguisse sua
trajetória, saindo de lá somente após a ordenação.
Como
se tratava de uma paroquiana das mais assíduas e colaboradoras em todas as
ocasiões, contou com a interferência de Pe. Marcos, que mandou uma carta logo
após, reforçando a solicitação.
Até
que ele gostava da devoção dedicada e tinha uma fé indubitável em Deus e todos
os santos. Mas, pairava em sua cabeça uma forte dúvida com relação ao voto de
castidade. Achava o celibato algo inconcebível, principalmente pelo fato de
relacionar-se com famílias, e como poderia dar conselhos e orientações sobre
algo que somente tinha conhecimento através da literatura?
Nas
suas leituras as escondidas, sempre escolhia revistas e livros sobre sexo e sua
libido ia lá pras cabeceiras. Muitas vezes terminando em deliciosas
masturbações. Porém, seu desejo maior era experimentar a sensação de ter uma
relação sexual plena com uma mulher. Bastavam as brincadeiras e gozações de
seus colegas, que sempre lhe sacaneavam, dizendo que jamais ele iria transar.
Isso era uma guerra mental que o atormentava constantemente. Porém, jamais teve
coragem de dizer para sua mãe que preferia ser um advogado ou médico. Seria
melhor cuidar dos bens ou dos corpos, do que do espírito e da alma.
Finalmente
chegou o dia da partida de Luizinho. Sua mãe havia preparado seu enxoval
conforme a exigência do seminário comprou uma mala nova que coubessem todas as
suas coisas, aprontando-o como um noivo que chegaria e ficaria no altar, mas,
sem nunca ter a felicidade do sacramento do matrimônio e nem a consumação do
ato sexual, que lhe atormentava pela aguçada curiosidade.
D.
Maria era um choro só. Muito pela felicidade de estar cumprindo sua promessa e
outro tanto pela saudade que já sentia do seu único e amado filho.
Embora
já convivendo desde criança dentro de uma igreja, Luizinho sentiu-se bastante
deslocado, em função das regras e determinações que deveria seguir, conforme as
normas educacionais estabelecidas pelo bispo, Diretor Geral do Seminário.
A
primeira noite foi nostálgica e mal dormida. Estando alojado em um grande
salão, onde camas enfileiradas eram dispostas de tal maneira que, o padre
sensor, de qualquer posição poderia ver tudo que estava se passando naquele
ambiente. Para ele que tinha o seu quarto individual, sentiu uma horrível
sensação de invasão da sua privacidade, inclusive porque sempre detestou trocar
de roupas na presença de outra pessoa. Mas, pelo bem da sua mãe, sempre
lembrando quanto ela estava feliz por ele estar lá, reteve sua ira e resolveu
encarar tudo com tranqüilidade e seguir o destino que lhe traçaram.
Os
anos foram passando, Luizinho estudioso como sempre, era um destaque entre
todos pela sua eloqüência e conhecimentos profundos de toda história da
religião católica, dominando com maestria todos os versículos e capítulos da
Bíblia Sagrada, interpretando-os com uma desenvoltura que, ao ouvir falar,
transportava os fieis para Jericó, Cafarnaum ou Jerusalém. Suas palavras
encantavam os mais descrentes e fazia chorar de emoção os mais detentores da
fé. O Bispo o olhava com orgulho, vislumbrando o futuro brilhante que o
esperava. Sentindo no fundo, um grande orgulho por ter sido seu mestre.
Luizinho,
além da literatura ligada à teologia, jamais deixou de ler centenas de outros
livros, clássicos ou não, das publicações mundiais, procurando sempre se
ilustrar ao máximo, colocando-se numa posição de homem bastante culto.
Entretanto, nessas suas leituras, geralmente se deparava com autores que faziam
do sexo, praticamente uma religião e, inevitavelmente, bulia com seus
adormecidos, porém vivos, desejos de experimentar o fruto que para ele era
proibido.
Chegou
o dia maior, que seria o da sua ordenação!
Sua família toda presente, D. Maria vestida a caráter, deixava claro em
seu semblante o orgulho da promessa cumprida e a felicidade de ser seu filho o
primeiro da classe e o orador oficial da solenidade.
Tudo
se desenrolou conforme a tradição. Muitos abraços, choros e Luizinho partiu
para umas férias em casa, até que fosse definida a paróquia que lhe seria
determinada para servir em nome de Deus.
Embora
sempre visitasse sua cidade nos períodos de folgas e férias, esta sua ida teve
um significado maior, pois, desta feita, ele era verdadeiramente, um santo
padre da Igreja Católica Apostólica Romana. Um orgulho para a pequena e
atrasada cidade.
As
beatas amigas de D. Maria prepararam uma recepção a altura e festejaram com
carinho e amor, à volta do filho pródigo (não como o da parábola), mas, pródigo
em conhecimentos e símbolo da fé cristã.
Como
desejava, Pe. Luiz (nosso querido Luizinho), foi designado para uma paróquia
distante, pois, para ele seria mais interessante e se sentiria melhor, enfrentando
uma cidade diferente, não tendo que se deparar diariamente com pessoas por
demais conhecidas. Acreditava que, por ser um estranho, sua credibilidade seria
encarada de uma forma mais consistente. Lembrou-se ele do adágio popular: Santo
de casa não faz milagres!
Sua
primeira confissão, obviamente após a ordenação, foi algo que marcou
consideravelmente sua vida. Ao entrar no conficionário, aproximou-se uma linda
jovem, meio cabisbaixa, usando véu e com um terço na mão, ajoelhou-se e o
cumprimentou:
-Bom dia, Padre Luiz!
-Bom
dia, filha! Sinta-se à vontade e desabafe o que lhe preocupa, pois estou aqui
em nome de Deus para ajudá-la e dar sua absolvição, caso se faça necessário.
-Padre,
eu estou com vergonha de falar, Mas preciso desabafar o que sinto, pois creio
que extrapolei em meu comportamento, me deixando seguir pelo ímpeto e pelo
desejo carnal, praticando coisas que, embora tivessem me dado um imenso prazer,
deixou-me cheia de arrependimentos. Mas, não posso deixar de confessar que foi
a maior noite de prazeres e satisfações que senti em toda minha vida.
A
moça dizia tudo isso, sem ter a coragem de olhar nos olhos do padre, mas,
eventualmente, levantava os olhos e percebia a curiosidade que estampava no
rosto de Luizinho, que, com os olhos brilhando, aguardava com ansiedade o
relato daquela longa noite de loucuras.
-Filha,
não tenha vergonha das suas fraquezas, todos nós somos passivos de errar e Deus
sabe perdoar seus filhos, pedindo apenas que estes erros não se repitam. Conte
detalhadamente o que aconteceu, pois talvez não seja tão absurdo como você está
pensando. Esse pedido de “detalhadamente”, deixou claro que o fato despertou
algum interesse nele, em ouvir de viva voz o que existe de tão especial numa
noite de amor, já que as dissertações através de livros, sempre são
fantasiosas, levadas ao exagero e fogem da fidelidade.
-Perdoe-me
padre, mas vou ser o mais transparente possível, no sentido de colocar para
fora tudo como realmente aconteceu.
-Pois
não, filha. Sou todo ouvidos! Na
entonação da sua voz, percebia-se que no fundo estava dizendo: Conta logo pelo
amor de Deus!
-Eu
tenho 19 anos e moro somente com meu pai, pois minha mãe faleceu o ano passado,
acometida de uma doença inesperada. O mês passado veio morar em nossa casa um
primo distante, em função de fazer a faculdade aqui em nossa cidade e, como
somos parentes, meu pai aceitou hospedá-lo conosco, já que nossa casa é grande
e não seria nada demais atender uma solicitação do meu tio que mora em outro
Estado.
-Eu
nunca fui dada a namoros, mas, assim que Pedro chegou, fiquei vislumbrada com a
sua figura atlética, seu lindo rosto e a maneira gentil e brincalhona de ser.
Seu sorriso era algo que me deixava embevecida e cheia de encanto. Quando ele
me olhava com seus bonitos olhos esverdeados, mesmo sem desejar, o desejo
aflorava em todo meu corpo, como se estivesse hipnotizada como uma Naja, quando
ouve o toque da flauta do seu amestrador.
-Procurei
por todos os meios, desvencilhar-me daquele encanto maldito ou bendito, não
sei, tentando evitar que algo pudesse acontecer. Mas, ao deparar-me com ele,
desculpe padre, minha excitação chegava ao extremo de provocar secreções
vaginais e meu impulso era de agarrá-lo, beija-lo até não mais poder.
-O senhor quer que eu pare? Estou sendo
impura na minha confissão?
-Não
filha! Continue por favor. Não omita nenhum detalhe, pois sei que isso lhe fará
muito bem (na verdade era ele que morria de curiosidade e queria saber
minuciosamente o acontecido).
-Então,
ontem à noite, Pedro ficou conversando comigo até bem mais tarde, explicando-me
um assunto de física e, por baixo da mesa, nossas pernas começam a se tocarem,
inicialmente por casualidade, mas, com o decorrer do tempo, passamos a nos
esfregar cada vez mais, chegando ao ponto dele começar a alisar minhas coxas,
subir até o meu sexo, massageando-o com muito carinho aquele que já se
encontrava molhadinho pela sensação que eu estava sentindo. Até então, tudo
isso estava acontecendo, enquanto nós não tirávamos os olhos dos livros e
falávamos algumas coisas sobre física, mas o certo é que, aquela altura,
estávamos mais preocupados com os prazeres físicos do que as equações da
física. Pedro, sorrateiramente, pegou a minha mão e colocou encima do seu
membro que, ao apertá-lo, senti que estava super duro e latejava no compasso do
seu coração.
-Acho
bom eu parar padre Luiz! Estou morta de vergonha para continuar contando o que
houve depois.
-Não,
não, minha filha! Confesse a Deus e desabafe seu coração, pois dizendo toda
verdade, Deus saberá quanto estás arrependida e dará o seu perdão! O certo é que Luizinho já estava super
excitado com o que estava ouvindo, principalmente pela voz macia e doce da
moça, que sussurrava baixinho as minúcias da sua aventura.
-Aí
padre, ele me beijou no rosto várias vezes, depois na minha boca e, como
loucos, começamos uma agarração sem limites e seguimos para o quarto, tiramos
nossas roupas desajeitadamente, pois já estávamos deitados, começando a nos
amar com uma gulodice insaciável. Ele começou beijando meus seios, descendo sua
boca até o umbigo e, sem nenhuma cerimônia começou a sugar a minha vagina de
uma maneira que eu desconhecia totalmente, fazendo com que eu me contornasse de
gozo e prazer, chegando a dar pequenos gritos pela sensação maravilhosa que
sentia.
-Oh!
Padre Luiz eu vou parar, porque estou morrendo de vergonha e o senhor não vai
querer ficar ouvindo esse relato pecaminoso. Vou apenas dizer que aconteceu
tudo e pronto.
-Mas
menina, como posso fazer uma reflexão a respeito do fato se não souber as
minúcias? O nome confissão foi dado a
esse ato cristão, exatamente para que você relate, sem cortes, tudo aquilo que
você acha que foi pecado, para que Deus, na sua bondade divina, possa perdoá-la.
Pe. Luiz falou de uma forma veemente, pois já estava super excitado e olhando
para a bela moça em sua frente, por mais que quisesse desviar o pensamento, seu
desejo era estar no lugar de Pedro, para desfrutar daquela aventura e realizar
o seu desejo contido desde a puberdade.
-Siga
em frente sem cortes nem omissões. Deus castiga os mentirosos. Falou ele para
enfatizar sua veemência.
-Tudo
bem padre, não pararei mais e farei uma narração fiel do meu pecado, porém
peço-lhe que me perdoe se no decorrer o senhor observar ou sentir muito
entusiasmo nas palavras ou emoções em meu rosto. Que Deus me perdoe, mas,
somente em estar falando, estou sentindo um arrepio no corpo e o mesmo desejo
de realizar tudo outra vez. Falou Marise (esse era o seu nome) com um sorriso
amarelo nos lábios, porém com uma carinha safadinha, que fez Luizinho ter que
se controlar para não cometer uma besteira.
-Então,
depois de me fazer sentir diversos orgasmos através do sexo oral, Pedro colocou
seu corpo pesado sobre o meu e, sem que precisasse ajuda das mãos, seu penis
acomodou-se de uma só vez dentro de mim, fazendo com que, naquele momento,
passasse a sentir estertores convulsivos como se estivesse sendo transportada
para outro mundo, onde jamais desejaria voltar. Quanto mais ele,
freneticamente, fazia aquele movimento de vai e vem, eu o agarrava fortemente,
desejando que nos transformássemos em siameses e nunca mais fossemos separados.
Luizinho,
esquecendo sua condição de padre, a essa altura já alisava seu membro
endurecido, quase se masturbando, graças ao que estava ouvindo e,
principalmente, por ser exatamente o que sempre desejou fazer e se reprimia
pela sua condição religiosa. E, olhando que a igreja estava vazia e o sacristão
estava viajando, num impensado ato, pediu para que Marise fosse até a sacristia
para que ele lhe desse uns conselhos.
-Estou
indo pra lá e lhe aguardo atrás do altar mor. Disse ele querendo fazer uma cara
de respeitabilidade, mas, seu semblante, denunciava completamente suas maldosas
(?) intenções.
-Está
bem. Irei em seguida. Disse Marise sentindo que algo estava para acontecer,
pois os desejos de ambos estavam aflorados nos seus rostos.
Assim
que Marise entrou na sacristia, Luizinho trancou a porta e, sem nada dizer, foi
agarrando-a pela cintura, enchendo-a de beijos. Marise, sem demonstrar
surpresa, pendurou-se em seu pescoço e entregou-se completamente para acontecer
tudo que fosse possível e que seu prazer carnal pudesse ser saciado de uma
maneira sacro santa. Luizinho já não enxergava mais nada e nem de longe se
lembrava da sua condição de ministro de Deus. Naquele momento só o interessava
realizar o seu sonho, que desde garoto pairava em sua mente.
Deitaram
no tapete e juntaram a experiência teórica de Luizinho e a prática de Marise,
adicionados aos desejos de ambos, fizeram uma encenação do Kama Sutra,
literalmente ao pé da letra, acrescentando ainda algumas variações em torno do
tema.
Duas
horas se passaram e eles pararam exauridos, deitados olhando em sua volta uma
série de castiçais, velas semiqueimadas, Turíbio e outros equipamentos ali
guardados, que serviam nos ofícios religiosos.
Como
um estalo, Luizinho caiu na realidade, levantou-se de um pulo, vestiu-se
rapidamente e pediu que Marise fizesse o mesmo. Ela tinha um sorriso enigmático
nos lábios, pois não sabia ao certo se estava purificada ou “putificada”. Mas,
uma coisa ela tinha certeza: Foi uma trepada inesquecível!
Depois
de ambos estarem totalmente recompostos, Marise, com a cara mais cínica do
mundo, virou-se para Luizinho e perguntou:
-Padre,
qual é a minha penitência?
Luizinho,
contendo-se para não dar uma gargalhada, disse com um tom super sério: Reze 10
Pai Nossos e 10 Ave Marias. Mas, amanhã, nesse mesmo horário, vou esperar você
aqui.
-Combinado. Aguarde-me que não faltarei!
-Benção Padre!
-Deus lhe abençoe minha filha! Vá com Deus,
mas, volte pra nosso ato de piedade cristã. Disse Luizinho com um sorriso
maroto nos lábios.
*Escritor(Blog
Vida Louca – antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com –
Membro da Academia Grapiúna de Letras
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