Antonio Nunes
de Souza*
Criou-se uma cultura cômoda no brasileiro de, constantemente, reclamar
de tudo que acha errado ou não lhe atenda como deseja. Concordamos plenamente
que devemos estar atentos aos assuntos que refletem malefícios as comunidades,
atingindo bastante o sofrido povo que, cheio de esperanças, elegeu seus
preferidos candidatos imaginando receber deles os benefícios esperados.
Entretanto, somente reclamar não é uma solução e jamais será. Principalmente
quando essas reclamações são feitas nas esquinas, bares e reuniões informais,
servindo apenas de desabafo, crítica e divergência de opiniões entre os
participantes, já que cada um procura defender a sua vertente partidária e,
consequentemente, condenar a do outro. No fundo, não estão discutindo melhorias
significativas de atitudes e compromissos dos governantes, e sim, que o seu
favorito é ou seria bem melhor. Nosso atual presidente mesmo, tenho certeza que
muita gente já se arrependeu de ter votado, achando que seria algo novo e
benéfico, mas, infelizmente, está um desastre. E, com essa praga, temos que
aguentar em dose dupla!
Essas discussões paralelas não levam a lugar nenhum e nem ajudam
resolver os problemas do nosso país, pois, reclamar e ser um omisso é muito
melhor ficar calado, já que não vai se predispor a ajudar, colaborar,
dirigir-se diretamente aos órgãos que podem mudar a situação ou comportamento inadequado
e condenável.
Todos os lugares que chegamos, quando não estão conversando sobre os
crimes bárbaros ou futebol, a política é o ponto alto, principalmente as falhas
existentes em todas as áreas (educação, saúde, moradia, saneamento, segurança,
empregos, corrupções, etc.). Mas, será que todos nós não somos culpados dessa
situação não melhorar, mesmo gradativamente?
Você, na pior das hipóteses, pode através do seu voto, se dado com
consciência justa de um pensamento na coletividade, escolher seu representante
com um exame criterioso do seu passado e o comportamento no presente, mostrando
sua preocupação em melhorar o nível dos nossos políticos. Isso é o mínimo que
você pode fazer, pois, se tiver a preocupação real de ajudar e participar mais
efetivamente, nada custa ampliar o leque de informações entre pessoas menos
esclarecidas, através de reuniões em clubes de serviços, entidades religiosas,
colégios e faculdades, sem que seja preciso direcionar nomes ou partidos, mas,
demonstrar que, dos seus votos, dependem o governo melhor e maiores
atendimentos aos anseios da coletividade. Principalmente tomar consciência que
quando está dizendo a frase que já virou chavão “a culpa é do governo”,
automaticamente está dizendo que a culpa é nossa, pois, nós que os colocamos
nos seus cargos.
Lamento muito quando deparo com pessoas esclarecidas culturalmente que,
numa atitude absurda, dizem que não vão votar ou anularão seus votos. Essa é
uma prova grosseira de demonstrar ser um ignorante político e, para esses,
quero deixar uma citação histórica de Bertold Brecht, muito significativa e
pertinente:
“O pior analfabeto é o
analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos
políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da
farinha, do aluguel, do sapato, do remédio dependem de decisões políticas. Não
sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor
abandonado, o assaltante, e o pior de todos os bandidos, o corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e internacionais.”
Portanto, reclamar somente não é a solução. Procure participar
ativamente, não erre votando novamente naqueles que, comprovadamente, falharam
com o povo, pois, é preferível arriscar no novo, porém o analisando bem, ou
conservar os que são merecedores, que retroceder a um passado que não deixou
saudades!
*Escritor-Membro da
Academia Grapiúna de
Letraas-AGRAL-antoniodaagraal26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com