Antonio
Nunes de Souza*
Acordo sentindo aquele gosto
ruim na boca, proveniente de diversas bebidas, comidas, beijos e,
provavelmente, sexo oral no final da intempestiva comemoração, encerrando todo
aquele turbilhão de festejos ecumênicos, mas, sempre pendente para os desejos e
atos profanos que, naturalmente, dão graça ao evento: Reveillion!
Olho para o outro lado da
cama e vejo Larissa nua, toda aberta sem censuras, babando num ronco
silencioso, maquiagem borrada, cabelos assanhadíssimos, que não parecia nem de
longe a mulher charmosa e sensual da noite passada. Mesmo ainda meio sonolento,
pensei como as mulheres usam tantos artifícios para nos atrair e nós, nas
volúpias da sacanagem, somente nos preocupamos em analisar uma bunda
arrebitada, peitos maneiros e o jeitinho sacana e pecaminoso que faz rolar a
tal da química, física e matemática. A química porque se torna uma mistura
perfeita, a física em função do tesão e a matemática, obvio, em razão de
estimular uma, duas e até três sem dar descanso ao pobre e sagaz membro. Nem
levo em conta essa estória de pele, pois, quem se preocupa com pele é jacaré
para não virar bolsa!
Levantei, silenciosamente,
olhei pela janela da suíte da pousada e vi o mar tranqüilo e calmo, depois de
ter salgado milhares de pessoas em nome de Iemanjá, fiscalizando os adeptos dos
folclóricos pulinhos das “sete ondas”, na esperança de alcançar dias melhores
no ano que inicia. Aqueles com pedidos mais exigentes levaram flores, espelhos
e perfumes para o vaidoso Orixá que, provavelmente, deve ter seus admiradores
no fundo do mar. Eu não levei nada, mas, devo ter dado milhares de pulos nas
rasas ondas, pois, ao chegar no banheiro percebi que, mesmo depois de ter
tomado um banho quando chegamos do evento, na minha regada da bunda ainda havia
uma pequena quantidade de areia entranhada no cu, demonstrando as minhas caídas
nas águas milagrosas de Iansã!
Tomei um banho caprichado,
escovei os dentes, fiz a barba, coloquei uma nova bermuda branca, uma camisa
regata, pois, mesmo com meus cinqüenta anos, ainda estou meio saradinho e com
uma modesta barriguinha de tanquinho. Sempre me cuidei, assim como Larissa que,
com seus trinta e oito anos, arrumadinha ainda parecia uma gatinha. Sempre
fomos amigos e nada tivemos, porém nesse fim de ano, por estarmos sozinhos
combinamos passar as festas juntos, mesmo que não rolassem sacanagens. Mas,
como não rolar? Ela gostosa, tesuda, sexy e safadinha, bastaram algumas taças
de champanhe para que nossas libidos ficassem acesas: ela molhadinha e eu ereto
como um soldado do Castelo inglês. Daí pra frente o coro comeu direitinho e
tudo começou a rolar da maneira mais liberal e espontânea possível. Dançamos
pagode, arrocha, funk, samba, bolero, sertanejo e todas as porras que tocavam. Um
repertório uma merda, mas, o importante era a esfregação. Cheguei ao hotel e vi
que minha glande estava mais vermelha que um morango, de tantos atritos em sua
bundinha deliciosa e coxas. Com tantos preliminares deliciosos, meu pensamento
sempre estava voltado para a partida principal. E não deixou nada a desejar,
pois transamos nas mais diversas maneiras, sem preconceitos ou tolices, valendo
tudo e em todas as posições. Larissa é uma danada na arte de transar. Parece
que decorou o livro Kama Sutra e as lendárias aventuras amorosas de Lucrecia
Borgia. Sabe usar um penes como eu gostaria de ter a mesma destreza para
escrever!
Tomei um café revitalizador,
sentei-me na varanda apreciando a praia e o mar e, em pensamento, agradeci a
Rainha das Águas por essa noite maravilhosa, e que 2020 seja tão bom como
começou!
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna da Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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