Antonio Nunes de Souza*
Na verdade,
quando alcançamos a tal da melhor idade, apelido simpático dado a terceira
idade ou a popular e antiga velhice, automaticamente nos transformamos em
exímios estudantes de medicina, pois, nos encontros diários ou eventuais com
nossos amigos da mesma faixa etária, as conversas são sempre sobre as
desventuras corpóreas dos nossos organismos, debilitados pelos desgastes do tempo
resultados das nossas estripulias e descuidos.
Já não me
causa estranheza falar sobre diabetes, AVC, enfartes, CA, diálises,
marca-passos, tromboses, próstata, coluna, cálculos renais e pontes de safena.
Renites, gripes, desarranjo e prisão de ventre são tão comuns que já
dispensamos tal papo, pois, são coisas para principiantes. Preferimos os temas
mais arrojados que levam a CTI, como também os transplantes e implantes.
O implante
dentário é sempre usado pelos que podem suportar os altos preços e preferem
triturar um churrasco nos dentes e sorrir de satisfação. Mas, tem aqueles que
preferem a velha e tradicional dentadura, comer sua carninha moída ou bem
cozida, tomar uma sopinha e, por prazeres mais refinados, optam pela prótese
peniana para alimentar, com satisfação, seus instintos sexuais. Sinceramente,
acho até uma boa opção!
Não escapa,
em nenhum encontro, a possibilidade de ampliar conhecimentos médicos, agregados
a farmacologia, uma vez que, sempre eles têm uma nova receita dentro dessa área
de algum lançamento laboratorial novo, ou alguma experiência caseira. Sem
contar os papos televisivos do Dr. Dráusio Varella que a turma anota e segue
com regularidade.
Então...
Mediante o exposto, certamente você me dará razão para que eu, orgulhosamente,
me considere estar na melhor idade e, consequentemente, fazendo meu curso
genérico de medicina que, embora não dê o direito a receituários, respeitando
as regulamentações do Ministério da Saúde, amplia diariamente meu cabedal
clínico, pelo menos para entender os sofrimentos e debilitações dos meus
contemporâneos, não tendo que fazer aquela cara de idiota quando eles falarem
em Alzhaimer ou Parkinson.
Portanto,
quando se encontrarem comigo, respeitem além dos meus cabelos brancos, meus
grandes conhecimentos médicos e, se quiserem me ajudar, tragam receitas de chás
e simpatias, pois a turma de velhinhos adora essas novas práticas, achando que
são milagrosas!
Como sou
muito brincalhão, já me deu vontade de dizer que a descoberta maravilhosa na
França é na aplicação da acupuntura, que, se todos os dias pela manhã se enfiar
uma agulha em cada lado da bunda, ajuda a baixar a taxa de colesterol!
Podemos ser
velhos, mas, nunca devemos perder o humor!
*Escritor –
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniomanteiga.blogspot.com—antoniodaagral26@hotmail.com
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