Antonio
Nunes de Souza*
Nunca
fui uma moça santa, caretinha e cheia de religiosidades. Meu comportamento
sempre o normal, porém, não posso negar que, mesmo com essa seriedade, nunca
deixei de ter minhas relações sexuais com meus namorados, mesmo não sendo tão
normal. Não tinha motéis e as aventuras amorosas eram as escondidas atrás dos
muros, ou dentro dos carros. Porém, poucos eram os rapazes que tinham carro, ou
que seus pais emprestavam uma vez, ou outra.
Como
eu era namoradeira, meus compromissos com rapazes não eram demorados. Às vezes,
em uma semana eu saía com dois rapazes diferentes na maior tranquilidade, pois,
numa cidade grande as pessoas não se preocupam muito com as vidas alheias!
Um
dia aconteceu o inesperado. Minha menstruação já estava atrasada vários dias e,
para meu desespero descobri que estava grávida, usando o teste comprado na
farmácia.
Devo
confessar que fiquei completamente alucinada, pois meus pais, moradores do
interior, quando soubessem me castigariam severamente, pois eu tinha ido para Rio
de Janeiro para estudar e não para ampliar a família!
Minha
preocupação também era de quem era esse filho, pois, naquela semana eu,
exageradamente, tinha transado com três homens diferentes (namorados de
encontros rápidos).
Será
que é de Francisco, ou Lúcio, ou quem sabe se não é de Felipe? Sempre exigi o
uso de preservativo, mas esses miseráveis as vezes se rompem e colocam a gente
numa fria!
Não
havia maneira de falar com algum deles, pois me criaria um problema se houvesse
uma recusa e uma possível divulgação do meu comportamento. Nesse particular eu
sempre fui super discreta. Apenas, como adoro o sexo, sempre aproveitava as
oportunidades. Nunca deixava para amanhã!
Fiz
uma análise imaginativa como seria essa criança, já que, categoricamente,
jamais faria um aborto. E comecei a desenhar como seriam as suas características:
Se
for de Francisco ele vai ser mulato, ou com traços de uma pessoa da raça negra,
já que Chico é pretinho.
Se
for de Lúcio com certeza vai ser bem branquelo e com os olhos amendoados, uma
vez que ele é filho de japoneses.
Finalmente,
se for de Felipe certamente terá traços dos italianos, pois sua família era
toda de pessoas vindo da Itália e eram donos de uma pizzaria.
Para
me proteger, mandei dizer aos meus pais que não iria nas férias, pois faria uns
cursos extras exigidos pela faculdade, e assim fiquei nervosa e tensa fazendo a
minha gestação inesperada!
Resultado
é que passados os nove meses, com ajudas de amigas e colegas, providenciei o
enxoval do baby, e o parto foi realizado pelo pai de uma colega, que era
ginecologista.
Para
meu espanto, depois das dores normais, trouxeram meu filhinho já de banho
tomado e, quando eu vi o danadinho, me assustei, pois o moleque era louro,
olhos azuis e traços finos escandinavos. Só pude pensar e dizer para mim mesmo:
Ele não é dos três que pensei. Verdadeiramente é filho do Pastor Islandês que
eu havia saído na semana anterior, e ele não usou camisinha, alegando que tinha
feito vasectomia. E eu boba acreditei!
Agora
estou indo de ônibus para casa, levando no colo Wesley e, quando chegar em
casa, tomarei a maior bronca, porém estou confiante que levando meu diploma de
formatura em direito, juntamente com um netinho lindo, serei aceita de bom
grado e farei a felicidade de todos. Mas, no fundo estou morrendo de medo!
Agora
com meu filho, vou me controlar com relação a sexo, procurarei uma pessoa legal
e, com certeza, terei uma família feliz e um pai para meu querido Wesley!
Fui
fazer “direito” e fiz “errado”!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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