Antonio
Nunes de Souza*
Como
que eu não posso ter complexo?
É,
dramaticamente, uma vida filha da puta, sempre olhada com desdém, risos
escondidos quando passamos e, na praia então, somos sempre chamadas de baleias,
as mães chamam as crianças em tom de deboche dizendo: cuidado meninos que a
maré vai encher com a entrada de Orca na água!
Claro
que sinto uma raiva mortal com essas observações repugnantes. Basta no tempo de
escola, que sofri pra caralho com os apelidos que me botavam, a maneira que se
dirigiam a mim, sempre com risadas e gozações, e eu segurava a barra, estudava
muito, mas, nunca ensinava a sacana nenhum nas ocasiões das provas. Deixava
todos se foderem, principalmente aqueles que mais me sacaneavam.
Porém,
no fundo tinha uma inveja retada das minhas colegas magrinhas e charmosas,
sempre estavam com namorados, dançando nas festas, se apresentando nos desfiles
dos eventos escolares. E eu, até nas apresentações teatrais, somente uma vez
fui requisitada para fazer o papel de um elefante, numa peça sobre os animais
da África. Fiquei puta da vida, mas, tive que fazer a representação por que
valia nota.
Realmente
eu sou muito gorda, porque a minha mãe sempre me forçava comer, inclusive dizia
que só me daria as coisas se eu comesse tudo do prato. Então...para ganhar as
coisas, inclusive minha semanada, comia as vezes, até mais do que ela exigia.
Resultado: Tenho 1,55 e peso 80 quilos. Uma desproporção da porra!
Estou
com 19 anos, já na faculdade e, a única vez que quase consegui transar com
alguém, foi um cara feio pra caralho, que provavelmente não arranjava porra
nenhuma e, me convidou para sair. Porém, nem me levou para algum lugar
agradável, seguiu com o carro direto para um motel. Eu estava super tensa,
porém, como seria a minha experiência sexual, segurei a barra, suando bastante
nas mãos.
Entramos,
fomos para o quarto, trocamos uns beijinhos, ele me jogou na cama, começou a
tirar sua roupa e eu também fui fazendo a mesma coisa. Estava com uma vergonha
filha da puta. Porém, era a minha primeira sensação de um possível orgasmo, tão
comentado pelas meninas.
Aí
foi que aconteceu a merda!
Ele
quando me olhou nua, com a cara mais cínica do mundo, disse para mim: Você pode
dar uma mijadinha para eu seguir o rastro e achar sua xoxota?
Com
o maior ódio, me levantei, dei-lhe um tapa na cara, vesti minha roupa e saí
porta a fora morrendo de raiva.
Tomei
um taxi, voltei para casa, entrei ainda chorando muito, fui para o quarto sem
ninguém perceber, e pensei comigo mesmo: “Minha mãe, querendo ser boazinha,
somente fez me foder!”
Ajoelhei
jurando que iria para uma academia na segunda feira, e faria um puto regime
para modificar minha vida!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário