Antonio
Nunes de Souza*
O dia dezenove de abril,
muitos anos atrás, era comemorado com festas, alegrias, nossas crianças caras
pálidas, negras e mulatas, se vestiam de índio, com suas fantasias simples ou
sofisticadas, improvisados arcos e flechas, muitas vezes com apenas uma modesta
pena de galinha ou peru na cabeça e, com essas indumentárias se divertiam com
outras crianças vestidas de cowboys, delegados e xerifes, fazendo suas
pacíficas batalhas, logicamente, imitando os filmes americanos que eram
exibidos aos milhões por todo nosso Brasil. Pois, os americanos do norte,
tinham o orgulho de passar uma imagem negativa do índio, como perversos e maus
e, baseando-se nisso, dizimaram milhares de índios, tomaram suas terras, se
instalaram e hoje a nação pele vermelha é bastante reduzida e cada vez se molda
mais as civilizações brancas, perdendo suas culturas e originalidades.
No Brasil, com uma história
bastante similar, uma vez que os que tentaram e os que nos colonizaram, não
deixaram de eliminar tribos inteiras, tomar suas terras, escravizá-los,
proliferaram doenças, misturaram raças em abundancia, enfim, procederam com as
mesmas técnicas usadas pelos europeus e americanos posteriormente. O fato é que
em nome do tal progresso, implantar civilizações, novos países, etc., aos mais
fracos (no caso os índios) foram sempre saqueados e traídos grosseiramente como
os Astecas, Maias, Toltecas, Incas e outras importantes da America Latina. É
uma verdade incontestável que os índios viviam numa boa e foram ludibriados,
saqueados e suas terras tomadas na marra, apenas com o simples trabalho de
delimitarem e fazerem suas escrituras anos depois com as anuências
governamentais.
Essa parte da história é
verídica e incontestável, mas com o tempo, principalmente aqui no norte e
nordeste a miscigenação foi e é tão acentuada que, ninguém pode se arvorar de
ser cacique, índio puro ou um espécime real e tribal das antigas nações. As
misturas foram acontecendo, como também não temos nenhuma “cara pálida” que não
tenha uma bisavó ou tataravó que era índia. E, assim sendo, não justifica
surgir um cacique e estar liderando um movimento reivindicatório das terras
que, 500 anos atrás pertenciam aos seus antepassados. Temos o direito de
gritarmos alto e de bom som que também temos sangue índio correndo em nossas
veias e esse direito hoje é de toda coletividade brasileira, principalmente
dessa parte norte/nordeste do país.
Hoje as crianças pouco
brincam de índios e cowboys, esqueceram as estórias americanas, e as nossas
nunca nem se preocuparam em saber, em função da péssima memória brasileira com
sua história.
Então, em função do exposto,
hoje é o dia de todos nós que, orgulhosamente, somos descendentes dos bravos
índios do passado e, conseqüentemente, nada de terras para grupos oportunistas,
pois se tiverem de fazer demarcações eu vou querer meus hectares também!
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagarl26@hotmail.com
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