Antonio Nunes de Souza*
Pelas
expectativas de ver Papai Noel, muitas crianças se recusaram a ir para cama nos
horários habituais, ou mesmo depois do jantar especial, onde o peru ou porco
tiveram seus lugares de preferências como iguarias seletas para a ocasião.
Tender e frutas selecionadas, logicamente, faziam parte dessa comemoração
religiosa e gulosa ao mesmo tempo, que, obviamente, era regada com um vinho ou
espumante champanhe! Sem que precise maiores explicações, percebe-se que estou
descrevendo uma comemoração de família classe média e privilegiada, pois, a
maioria das pobres crianças, tenho certeza, comeram o “pão que o diabo
amassou”, acompanhado de uma modesta guaraná ou refresco de limão!
Essas
crianças acima (as privilegiadas), terminaram dormindo nos sofás das salas,
colos das mães, etc., e, colocadas em suas camas, seus pais, começaram a
colocar os presentes solicitados em seus sapatos, para que na manhã seguinte,
cada um desfrutasse da sua alegria, agradecendo ao Papai Noel pela bondade de
atendê-los! Ao acordarem, rapidamente olham para os lados das suas camas, pulam
rapidamente pegando seus pacotes e, sem paciência, vão rasgando os lindos
papeis coloridos, desatando os laços e, com alegria, seguram seus lindos presentes,
ganhos pelas graças de Deus e os sacrifícios financeiros dos pais! Toda essa
beleza e maravilha, infelizmente, faz parte apenas de uma gama mínima, que,
agraciadas ou merecidamente por oportunidades e trabalhos, conseguiram esse
status invejável dentro da sociedade!
Já
a outra parte, que nos faz doer o coração, nem consegui dormir direito em
função das goteiras em seus barracos, seus jantares foram, como sempre, os
restos do meio dia, ou, se muito conseguiram, um frango com uma simples farofa,
acompanhado de água, nem sempre limpa e tratada. Seus pedidos para Papai Noel,
infelizmente, são esquecidos, pois sabem que o bom velhinho, normalmente, não
sobe os morros e nem visita favelas. As esperanças dessas pobres crianças, são
como em quase todos os anos acontece, algumas pessoas solidarias e humanas,
arrecadam dos abastados brinquedos usados ou poucos novos, e aparecem
distribuindo, fazendo uma modesta, mas eficaz alegria!
O
fato é que é uma manhã que poderia ser de total alegria, mas, ironicamente, graças
ao brutal egoísmo dessa imperdoável “sociedade organizada”, que, cegamente,
acha um absurdo praticar atos humanitários através de uma distribuição de
rendas mais justas, que, seguramente, não afetaria seus patrimônios, preferem
ser intolerantes e plantarem o ódio, inveja, dor, constrangimento, abandono,
desprezos e discriminações, não enxergando que, com essas atitudes, estão
criando “monstrinhos” revoltados que, seguramente, serão os bandidos de amanhã.
Não
fiquem se escudando nas desculpas que “pagam seus impostos, etc.), que a culpa
é do governo. Todos, sem exceção, pagam impostos (ricos e pobres) e, se o
governo não está dando conta, vamos ajudar para que não sejamos as vítimas do
futuro, como já estamos sendo as vítimas do presente!
Que
esse próximo ano, reflitam e minimizem esse sórdido egoísmo reinado em seus
corações. Todos merecem desfrutar da felicidade!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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