Antonio Nunes de Souza*
Ao
ligar meu receptor da TV mundial e universal, já que somente temos uma única
estação de transmissão via satélite, com tradução simultânea para todos os idiomas
e dialetos terrestres, pude ver em quarta dimensão, uma notícia que, pela sua
repetição através da Inteligência Artificial, vinha assombrando todos os
países, sem que a polícia internacional tivesse condições de amenizar esse tipo
de prática criminosa. Estou referindo-me aos roubos arquitetados por quadrilhas
“aquáticas” internacionais das mais altas periculosidades, especialistas em
roubos de cargas de água potável!
Estamos
no ano de 2071, mas, desde os anos de 2055 que já acontecia fatos que davam
para se prever que, dentro em breve, isso se tornaria uma rotina, deixando em
perigo a população, pois, nessa época, os marginais já assaltavam os meninos
que iam para as escolas, tomando suas doses de um copo de água para sanarem as
suas sedes diárias. Diga-se de passagem, que essa modesta dose, era ofertada
pelo governo, já que a água que, eventualmente, corria nas torneiras, não tinha
mais condições de serem recuperadas em função da alta poluição de mercúrio,
coniformes fecais e outras sujeiras provocadas pelos comportamentos dos homens
em nome do grande (?) progresso mundial!
Naquele
momento aparecia ao vivo uma quadrilha de andróides fabricados para esse fim,
utilizando metralhadoras a laser e, a sua direita, outro caminhão tanque com
uma mangueira fina e eficaz, que sugava toda água para seu recipiente em segundos,
enquanto a polícia responsável pela fiscalização da distribuição na cidade,
tentava combater esse terrorismo urbano. E essa modesta, mas, preciosa carga,
estava acabando de chegar de um aproveitamento de um restante de geleiras do
pólo norte, custando uma fortuna aos cofres públicos em termos de valores de
importação.
Fiquei
bastante triste e estarrecido, fui tomar o meu banho genérico no chuveiro de
raios ultra limpex e, recordando meu tempo de criança, lembrei-me dos
maravilhosos banhos que tomava no meu querido rio cachoeira, hoje, como a
grande maioria dos rios do mundo, não mais existe!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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